terça-feira, 28 de junho de 2011

Convite a um Concerto

Caro leitor,

Convido-o a assistir ao Concerto de Música de Câmara que se irá realizar dia 1 de Julho, sexta-feira, pelas 21:30h, no Ateneu Comercial do Porto.

Terá oportunidade de ouvir excelente música tocada por dois intérpretes formados na Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo, pelo professor Ricardo Lopes e Pedro Burmester, respectivamente, de oboé e de piano.


Concerto de Música de Câmara

Intérpretes:

Sofia Brito - oboista
Filipe Cerqueira - pianista


1ª parte:
Robert Schumann: 3 Romances, Opus 94

I - Nicht Schnell
II - Einfach, innig; Etwas lebhafter; Tempo primo
III - Nicht Schnell; Coda

Piano solo: Frédéric Chopin: Balada Nº1, Opus 23

Paul Hindemith: Sonata para Oboé e Piano
I - Munter
II - Sehr langsam; Lebhaft; Sehr langsam, wie zuerst; Wieder lebhaft

Intervalo, com Porto de Honra a ser servido aos convidados

2ª Parte:

Witold Lutoslawski: Epitaph

Camille Saint-Säens: Sonata para Oboé e Piano, Opus 166
I - Andantino; Poco allegro; Tempo Primo
II - Ad libitum; Allegretto; Ad libitum
III - Molto allegro

Eurico Carrapatoso: Peça das "Três peças atlânticas"

Sarajevo, 1914 - It's June, the twenty-eight, and Europe just died





Bang bang, Gavrilo Princip
Bang bang, shoot me Gavrilo
Bang bang, the first six are for you
Bang bang, the seventh is for me
Bang bang, Gavrilo Princip
Bang bang, Europe's going to weep
All for you, all for you, all for you, Sophia (x4)

Bang bang, history's complete
Bang bang, shoot me Gavrilo
Bang bang, the first six are for you
Bang bang, the seventh is for me
Bang bang, Gavrilo Princip
Bang bang, shoot me Gavrilo

All for you, all for you, all for you, Sophia (x4)

The Black Hand holds the gun
The devil takes his run
Urban, take the Appel Quay
It's June the twenty-eighth
The seventh was for me

Bang bang, Gavrilo Princip
Bang bang, shoot me Gavrilo
Bang bang, the first six are for you
Bang bang, the seventh is for me
Bang bang, Gavrilo Princip
Bang bang, shoot me Gavrilo

sábado, 25 de junho de 2011

Portugal, uma Não-Ditadura

O Partido Popular Democrático/Partido Social-Democrata tem uma Maioria Parlamentar na Assembleia da República, é parte maioritária no Governo, é a cor partidária do Presidente da República e do Presidente da Comissão Europeia, os mais altos cargos hierárquicos a exercer soberania sobre o actual território português. A isto devemos somar a influência no Tribunal Constitucional e outras prerrogativas que partem dos cargos anteriormente listados, como o controle total de um exército mercenário, das desiludidas empresas públicas e de uma corja de magistrados sindicados.

Os militantes PPD/PSD formam uma minoria ridícula do povo português. As elites sociais que verdadeiramente o controlam são ainda menos significativas.

No entanto, as competências e poderes atribuídos a este pequeno grupo de pessoas, somados todos os cargos que estão sob tutela de membros deste partido, fazem do PSD, sem dúvida, o órgão de poder mais poderoso da história de Portugal. Aliviada a pressão supervisora da troika, o PSD tem carta branca para subir impostos, dissolver assembleias, controlar a media, influenciar a opinião externa sobre personalidades públicas portuguesas, virar o Estado "de ponta cabeça" e fazer-nos acreditar que tudo está OK-Go! e exigir todo o tipo de sacrifícios e impor todo o tipo de soluções que muito bem lhes venha à cabeça, sem qualquer tipo de oposição séria.

Um constitucionalista diria que Portugal está perante um super-presidencialismo, nada mais. Um mero glimpse pela nossa história é suficiente para compreender que nem nas eras de maior controle da aristocracia, nem nos tempos de maior regalismo monárquico, nem mesmo quando o poder se concentrava às voltas da cadeira do Presidente de Concelho, jamais tantas competências e tamanho raio de acção política esteve concentrado em tanta quantidade e em tão pequeno grupo de gentes. O resultado de tudo isto só poderá ser o verdadeiro despotismo.

Ainda vamos penar por Sócrates.

domingo, 19 de junho de 2011

O Vazio Pegou-se à Estalada - Manifesto Anti-Causa Monárquica

Existe pouca coisa mais gloriosa do que uma luta de bigodes monárquicos.
Quem tiver tempo e disponibilidade para ler estas três comédias perceberá facilmente do que falo.
Este tipo de dramatismos rotos são típicos de associações sem disciplina e sem objectivo - são celeumas mesquinhas da velhice que um ideal tão binário como este (de arranjar um trono para um tipo gorducho e simpático para depois tê-lo lá calado e "democrático") provoca nos homens.

Ficam desde já entregues, de bandeja e em prosa fina, os principais problemas da Causa Monárquica, para auto-correcção dos visados:

1- A Causa Monárquica não lê, ou pior, lê as obras do Mendo Castro Henriques - a doutrina de que se envolve é própria de um movimento de massas comandado por uma elite lobotomizada.

2- A Causa Monárquica não pensa - não tem um único intelectual, um rosto carismático, é uma sociedade saudosista atrelada a alguns cronistas e bloggers, como o Miguel Esteves Cardoso, que escreve cagadas destas, onde se tira a ideia de que ser monárquico é, no fim de contas, ser republicano mas não de 4 em 4 anos.

3- A Causa Monárquica nem sequer é monárquica, é democrática, liberal e parlamentar. Como tal é - à excepção do procurador vitalício despido de competências concretas que procura colocar na chefia do Estado, em regime hereditário de funcionário público - já parte integrante do sistema. Por aquela ridícula e minúscula diferença mais vale não ser monárquico, e será praticamente impossível, uma vez desaparecido o espectro da crise económica (e respectivo queixume inconsequente), atrair algum jovem fora das coutadas da Foz e de Cascais disposto a perder oportunidades políticas por causa dela.

4- A Causa Monárquica, além de burra e estúpida, é velha e nasceu velha. Porquê? Primeiro, foi criada historicamente pelos inadaptados do regime republicano, todos aqueles que sabiam que não podiam garantir a sua sobrevivência política num estado comandado pelo Partido Republicano Português. Estes senhores, grande parte deles antigos sequazes do Partido Regenerador Liberal, foram-se "comendo" em conluio com a nova República ou em aventuras militares às quais não tiveram estofo de dar continuação digna. Sem ideias novas a não ser o retorno a símbolos caducos e desacreditados pelo país e pelo estrangeiro, andaram a reboque das circunstâncias até 1926.

5- A Causa Monárquica foi tanto um movimento de resistência à ditadura como é um movimento de vanguarda intelectual respeitável por mais pessoas que as que vegetam na Praça Luís de Camões, 46, 2º Dto, Lisboa. Aparte as alturas em que se apropriou do nome dos Integralistas Lusitanos, especialmente aqueles que compunham a única força política organizada não-esquerdista oposta ao Estado Novo, a Causa Monárquica dançou com o Estado Novo tudo o que tinha a dançar, e só o largou para participar gloriosamente no baile da República Democrática.

6- Sendo assim, além de não ter uma ideia nova há mais de 100 anos, ser um viveiro de snobs efeminados e cobardes, a Causa Monárquica é um Partido. A diferença é que se chama Causa - mas move-se como um partido, fala como um partido e partilha do mesmo tipo de vícios. Uma outra diferença é que, ao contrário dos partidos, não tem programa nem agenda definidos, mas tem a profundidade e eloquência dos discursos em Parlamento do Quartin Graça, que é um óptimo senhor.

7- A Causa Monárquica é conservadora, e quando não o é, é jacobina. Às vezes descamba para a loucura das definições e é realista, ou o diabo que o carregue. Preserva-se a Monarquia porque sim - sem procurar saber objectivamente porquê, mas sempre a falar dos símbolos e da malta que morreu a capturar o Gungunhana com as calças na mão. Depois do famoso Discurso do antigo mandatário desta Causa Frustrada - Monárquicos Porque Sim - a nova direcção devia apostar na criação do Manifesto Republicanos Porque Não.
A CM é jacobina quando é anti-aristocrática e quer pôr o povo todo igual. Excepto o Rei. Porquê? Porque sim.

8- A Causa Monárquica, nua, é horrorosa.

9- A Causa Monárquica não tem discussão, não tem inovação, mas tem Loja, só que não tem sequer bons preços para os pins e para as gravatas (item presentemente indisponível).

10 - A Causa Monárquica é fogo de vista numa era que a ultrapassa. É promotora de uma forma de Monarquia que é apenas um estágio anterior, no que toca à preservação de instituições políticas, ao regime actual. Se a transferência da soberania do Monarca Constitucional para o Candidato Eleito fez-se, em Portugal, por processo revolucionário, foi apenas porque as forças que coordenavam o sistema viam e viram esta transferência como inevitável e resolveram-se a apressar o descalabro do regime. Jogar contra estas forças de mudança sem se lhes opor directamente é o vosso Problema - não têm uma cultura de pensamento conservadora consolidada, algo que é necessário para se defender uma Monarquia (mesmo que se queira ser Moderno).

Mas quando se tem a conversinha da democraciazinha, pensar não é lá muito necessário, não é?

sábado, 18 de junho de 2011

The All Seing Eye


Throughout The Lord of the Rings, "the Eye" (the Red Eye, the Evil Eye, the Lidless Eye, the Great Eye) is the image most often associated with Sauron. Sauron's Orcs bore the symbol of the Eye on their helmets and shields, and referred to him as the "Eye" because he did not allow his name to be written or spoken, according to Aragorn (a notable exception to this rule was his emissary, the Mouth of Sauron). Also, the Lord of the Nazgûl threatened Éowyn with torture before the "Lidless Eye" at the Battle of the Pelennor Fields.

fonte: Wikipedia

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Aristofobia

A falta de percepção para esta questão do medo dos mais capazes faz com que as massas apontem a sua fúria aos políticos e à política. Contudo, o problema não é de ordem política, e os políticos fazem tanta falta tal como o padeiro ou o sapateiro. O problema é pois metapolítico porque a questão da Igualdade está no espaço da metafísica e joga com o impalpável. Assim, as massas são incapazes de perceber que a mudança que se deu em 1789 foi mais religiosa do que política, passou-se do campo do real e do ideal para o campo da abstracção e da utopia.

Essa pretensa Igualdade provocou a indiferenciação entre o moral e o imoral, entre o virtuoso e o viciado, entre o competente e o incapaz, entre pais e filhos e por aí fora. Provocou ainda a opressão dos que cumprem os seus deveres e libertou de constragimentos aqueles que são incumpridores e transgressores. A sociedade ficou como é fácil de perceber com os valores subvertidos sobressaindo a imoralidade pública, que sem obstáculos saiu vitoriosa. A subversão moral desarmonizando a sociedade, obviamente, não pode trazer felicidade e bem-estar, por mais conforto que o materialismo possa oferecer a insatisfação dos indivíduos desagregados cresce e chega ao ponto do insuportável, que o digam os clínicos de saúde mental.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Caminhos da Música (II Parte 3)

Encontramo-nos, hoje, portanto, numa situação praticamente sem saída: acreditamos no poder e na força de transformação da música [apregoa-se isto a toda a hora, os concursos da área baseiam-se nisto, os projectos sociais de agregação e suporte de fações da sociedade fazem-nos através da música e pela música], mas somos obrigados a constatar que, de modo geral, a situação intelectual da nossa época a retirou da sua posição central, impelindo-a para a periferia - era movimento e vida e, hoje, é algo simplesmente belo.


Não é possível, porém, conformarmo-nos com isso, eu diria mesmo que, se fosse obrigado a admitir a irreversibilidade da situação da arte, imediatamente deixaria de fazer música. Acredito, por conseguinte e com esperança cada vez maior, que dentro em breve todos nós vamos perceber que não podemos renunciar à música - já que esta redução absurda de que falo não passa, na verdade, de uma renúncia - e que podemos confiar na força da música de um Monteverdi, de um Bach ou de um Mozart e no que esta transmite. Quando mais nos esforçarmos para compreender e apreender esta música, mais percebemos o quanto ela ultrapassa a beleza e o quanto ela nos perturba e nos inquieta pela diversidade da sua linguagem.


E, no final, teremos de, através da compreensão da música de Monteverdi, Bach e Mozart [já para não citar Beethoven, Brahms Schubert, Schumann, Rachmaninoff, Saint-Säens, Liszt, Schostakovich, Shöenberg, Mahler, Wagner, Ligeti, Ives, Prokofiev, Pergolesi, Josquin des Prés, Haydn, Haendel, Lopes-Graça, Eurico Carrapatoso, Luís de Freitas Branco, João Pedro Oliveira, Fernando Lapa, Chopin, Scriabin, Rimski-Korsakov, etc. etc.], reencontrar a música de nosso tempo, aquela que fala a nossa língua, aquela que constitui a nossa cultura e a prolonga.

Caminhos da Música (II Parte 1)

Do livro O Discurso dos Sons, de Nikolaus Harnoncourt,
tendo como sub-título Caminhos para uma nova compreensão musical, versão brazileira (Jorge Zahar Editor).


Ano 1984 - mas muitíssimo actual


Do capítulo Princípios Fundamentais da Música e da Interpretação, primeiro texto.




A música em nossa vida



Da Idade Média à Revolução Francesa, a música sempre foi um dos pilares da nossa cultur, da nossa vida. COMPREENDÊ-LA fazia parte da cultura geral.


Hoje, no entanto, ela tornou-se um simples ornamento que permite preencher noites vazias com idas a concertos ou óperas, organizar festividades públicas ou, quando ficamos em casa, com a ajuda dos aparelhos de som, espantar ou enriquecer o silêncio criado pela solidão. Donde o paradoxo: ouvimos, atualmente, muito mais música do que antes - quase ininterruptamente - mas esta, na práctica, representa bem pouco, possuindo não mais que uma mera função decorativa.


Os valores que os homens dos séculos precedentes respeitavam não nos parecem, hoje, importantes. Eles consagravam todas suas forças, todos seus esforços e todo seu amor a construir templos e catedrais, ao invés de dedicarem-se à máquina e ao conforto. O homem da nossa época dá mais valor a um automóvel ou a um avião do que a um violino, mais importância ao funcionamento de um aparelho electrônico do que a uma sinfonia. Pagamos preço bem alto por aquilo que nos parece cômodo, o indispensável; sem nos darmos conta, rejeitamos a intensidade da vida em troca da sedução enganadora do conforto - e aquilo que verdadeiramente perdemos, jamais recuperaremos.


Essa modificação radical da significação da música processou-se nesses últimos dois séculos com uma rapidez crescente. E ela fez-se acompanhar de uma mudança de atitude face à música contemporânea, aliás, face à arte em geral, porque, como a música era parte essencial da vida, ela tinha forçosamente que nascer do presente. Ela era língua viva do indizível e só os seus contemporâneos podiam compreendê-la. A música transformava o homem - tanto o ouvinte como o músico. Devia ser sempre criada com o novo, da mesma forma que os homens deviam construir para si novas moradas que correspondessem a um novo modo de existência, a uma nova modalidade de vida espiritual.


Da mesma forma, já não se era mais capaz de compreender, nem de utilizar a música antiga, aquela das gerações passadas; contentava-se, então, de admirar-lhe meramente a perfeição artística.

Caminhos da Música (II Parte 4)

Muitas das coisas que tornam a nossa época tão desarmoniosa e tão terrível que não resultariam do fato da arte não mais intervir na nossa vida? Será que não nos reduzimos, vergonhosamente, sem qualquer fantasia, apenas à linguagem do DÍZIVEL?
Que teria pensado Einstein, que teria achado se não tivesse tocado violino? Não são as hipóteses audaciosas e inventivas frutos exclusivos do espírito de imaginação até que possam, posteriormente, ser demonstradas pelo pensamento lógico?
Não foi por coincidência que a redução da música ao belo, por conseguinte àquilo que é por todos entendido, se tenha dado à época da Revolução Francesa [1789]. Na história, sempre houve períodos em que se tentou simplificar a música, reduzindo-a apenas ao elemento emocional, de modo a torná-la compreensível por todos. Cada uma dessas tentativas fracassou, conduzindo a uma diversidade e a uma complexidade novas. A música só será por todos compreendida se for reduzida ao primitivo, ou se cada um aprender a sua linguagem.

A tentativa mais bem-sucedida de simplificar a música a fim de a tornar compreensível a todos deu-se em seguida à Revolução Francesa. Tentou-se, então, pela primeira vez, num grande Estado, colocar a música ao serviço de ideias políticas: o minucioso programa pedagógico do conservatório foi o primeiro exemplo de uniformização na nossa história da música. Ainda hoje, músicos são educados para a nossa música europeia, no mundo inteiro, através desses métodos e, por meio deles, se explica aos ouvintes que não é preciso saber música para compreendê-la - basta que a julguem bela. [há mais métodos existentes além do do conservatório, que, mesmo com grande divulgação, principalmente métodos específicos para certos instrumentos, se baseiam no essencial neste formato]

Desse modo, cada um se sente com direito e capaz de opinar sobre o valor e a execução de música - um ponto de vista que possivelmente se explica à música pós-revolução, mas que de forma alguma vale para aquela composta nos períodos anteriores.
Estou firmemente convencido de que é de importãncia decisiva, para a sobrevivência do espírito europeu, saber VIVER com a nossa cultura. Para tal, no que concerne à música, coloco duas condições:

Primeira. os músicos precisam ser formados através de novos métodos que correspondam àqueles de duzentos anos atrás. A música nas nossas escolas não é ensinada como uma língua, mas somente como uma técnica de prática musical: o esqueleto tecnocrático, sem vida.

Segunda: a formação musical deveria ser repensada e receber o lugar que merece. Assim, iremos perceber as grandes obras do passado por um novo prisma. aquele da diversidade que nos mobiliza e que nos transforma e que também nos prepara para absorver o novo.

Todos nós precisamos da música, sem ela não podemos viver.

Caminhos da Música (II Parte 2)

Depois que a música deixou de ser o centro da nossa vida, tudo mudou de figura; como ornamento, ela tem que ser antes de tudo "bela". Não deve de forma alguma perturbar ou assustar. Só que a música, em nossos dias, não pode satisfazer tal exigência, porque, como qualquer arte, ela é o reflexo da vida espiritual do seu tempo, portanto do presente. Mas, numa confrontação honesta e séria com a nossa condição espiritual e intelectual, ela não pode ser apenas bela, já que intervém em nossa vida e, por isso, perturba.


Daí a contradição: nós afastamo-nos da arte atual por ser perturbadora, talvez pelo próprio fato de que a arte tenha de perturbar. Não estávamos, entretanto, buscando nenhum tipo de confrontação, só queríamos uma beleza que pudesse nos distrair do tédio do dia-a-dia. Assim, a arte - e a música em particular - tornou-se um simples ornamento e nós voltámo-nos para a música histórica, para a música antiga uma vez que, nesta, encontramos a beleza e a harmonia tão almejadas.A meu ver, esse retorno à música antiga - e por esta, entendo qualquer música que não tenha sido composta pelas gerações atualmente vivas - só se deu porcausa de uma série de terríveis mal-entendidos. Tudo o que consumimos é uma bela música que o presente não pode de forma alguma nos oferecer.


Ora, tal música, a simplesmente "bela", jamais existiu. Se a beleza é componente de toda e qualquer música, nós não podemos fazer disso um critério determinante, sob pena de estarmos negligenciando e ignorando todos os demais componentes. Mas, depois que deixamos de compreender, ou talvez que deixamos de querer compreender a música como um todo, foi-nos possível reduzi-la ao belo e, de certa forma, nivelá-la. Só que, ao torná-la apenas um componente agradável da nossa vida quotidiana, ficamos até incapazes de compreender a música antiga - aquela que chamamos realmente música - em sua totalidade, pois nesse caso já não podemos mais reduzi-la à estética.


[ nota: jamais existiu música bela, como assim a entendemos, também porque, em cada era, época, ela era composta de acordo com o resultado da sociedade vigente e sempre realçando todas as nuances, fosse de glória, admiração, guerra, maldição, medo, fúria, paixão, solenidade, humor, sarcasmo, despedida. Todos estes sentimentos e mais ainda sempre fizeram parte da música, para que esta os expusesse, sem preocupações em os tornar mais aprazíveis e menos propulsores e agregadores de agitação]

domingo, 12 de junho de 2011

Caminhos da Música

Foi com espanto que recebi a notícia, via Facebook, do fim do Programa "Na Outra Margem", da autoria da jornalista Manuela Paraíso.

O facto de muita gente ter, de imediato, dado todo o seu apoio para que a jornalista continue o seu trabalho num futuro próximo, revela que este programa era seguido e ouvido por muita gente e que teria um grande nível de participação por parte dos profissionais e amantes da Música Erudita.

Há que ter esperança que esta e outras situações sejam resolvidas e que se dê mais apoio a quem, por sua vez, apoia e divulga esses profissionais. Fala-se tanto em projectos e iniciativas de "indústrias criativas", por exemplo, mas não podemos andar sempre a criar iniciativas e projectos, no sentido lato dos termos. De acordo com o Dicionário da Língua Portuguesa (8ª edição) projecto significa (entre outras definições): plano para a realização de um ato; esboço, desígnio, tenção. E iniciativa, de acordo com a mesma edição: ato de ser o primeiro a pôr em prática uma acção, uma ideia, etc.; diligência; actividade.

Ou seja, para que não me interpretem mal, sou plenamente a favor de todas as formas de divulgação e plataformas (como agora se diz) mas dá a sensação que começamos sempre do zero, raras vezes se mantêm "projectos" durante muito tempo. Parecem sempre muito efémeros.
É este sentimento que me assola quando acontece este tipo de frustrações.

Durante a campanha para as eleições legislativas, não foi possível ouvir uma só palavra de propostas para a cultura, não houve debates em áreas específicas que não fossem de economia, finanças ou "estado social". Não se falou das promessas, das aventuras na remodelação (ou suposta remodelação) do parque escolar, em especial do artístico.Não houve uma palavra no que respeita à sua visão para a defesa (ou não) da cultura nas mãos do Estado, seja ele de ideologia de direita ou de esquerda; no estado da Arte, no papel que ela pode ter no PIB.

A diferença entre povos vê-se pela sua cultura, em todos os domínios da vida. Porque ainda acredito que a cultura, e neste caso a Música, faz todo o sentido que faça parte integrante da vida.

DEPOIMENTO DUMA GERAÇÃO

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Bandeiras e a Grande-Mãe

"For the anarch, little has changed; flags have meaning for him, but not sense. I have seen them in the air and on the ground like leaves in May and November; and I have done so as a contemporary and not just as a historian. The May Day celebration will survive, but with a different meaning. New portraits will head up the processions. A date devoted to the Great Mother is re-profaned. A pair of lovers in the wood pays more homage to it. I mean the forest as something undivided, where every tree is still a liberty tree.

For the anarch, little is changed when he strips off a uniform that he wore partly as fool’s motley, partly as camouflage. It covers his spiritual freedom, which he will objectivate during such transitions. This distinguishes him from the anarchist, who, objectively unfree, starts raging until he is thrust into a more rigorous straitjacket."

Ernst Jünger, Eumeswil

sexta-feira, 3 de junho de 2011

We're the middle children of History

I see all this potential, and I see squandering. God damn it, an entire generation pumping gas, waiting tables; slaves with white collars. Advertising has us chasing cars and clothes, working jobs we hate so we can buy shit we don't need. We're the middle children of history, man. No purpose or place. We have no Great War. No Great Depression. Our Great War's a spiritual war... our Great Depression is our lives. We've all been raised on television to believe that one day we'd all be millionaires, and movie gods, and rock stars. But we won't. And we're slowly learning that fact. And we're very, very pissed off.

Tyler Durden, in Fight Club

RE: Theoretical Monarchists

Resposta a este post.

Its just a matter of supporting mediocracy or not. Supporting monarchy for the sake of monarchy is much like saying "Everything for the sake of my mother, even though she is a degenerate alcoholic prostitute". Nothing can be less catholic or traditionalist then defending a principle just for the sake of its abstract meaning: we need to see its consumation. Modern monarchies are not defined power structures: they are historical accidents preserved only for the sake of preventing social unrest or to keep a misleading idea of continuity. That way modern monarchies are more evil than modern republics: they are the covers for a political agenda that seeks to undermine the sacred remnants of the old order, the organic ages of the world, before the venom of Reform and Revolution came to poison our institutions.

The problem with the Legitimist cause in Portugal, Spain, Italy, England, etc. is not a mere cause of historical prejudice or overheated legalism: We Traditionalists are people of Absolutes - we can only live out of the mediocracy of moderation. As the Portuguese Antonio Sardinha once said:

"We are not conservatives - due to the passive conotation of the word. We are revivalists, with the energy and agressiveness renewals always have in human history. Our movement (Integralismo Lusitano) is one destined for war. We are destined to conquer - never to capture. We are not worried that our aspirations are irritating those who, due to their inertia, believe to be brothers to our cause"

Realism is not an argument to the restauration of a monarchy, for the instauration of a perverted good will not make a bad situation better.

Uma Nova Raça

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Política em Stand-by (II)

É o Regabofe da Democracia, a tão propalada "Festa" do Voto.
É a palhaçada da "Liberdade, Igualdade, Fraternidade".

Neste preciso momento - e num PC com Internet perto de si - nos Canais 1, 2, 3 e 4 da TV generalista Portuguesa, temos a possibilidade de ver quatro gravatas diferentes vestidas pelo Presidente do partido político Movimento Esperança Portugal. Deve ser o único ponto de interesse, se os candidatos até concordam uns com os outros e os moderadores dos debates estão tão, mas tão , mas tããããããão interessados e preparados para os moderar que acho que até o Gajo de Alfama fazia melhor: http://www.youtube.com/watch?v=kV_eQPIlfbQ&feature=related.

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"(...) as leis não têm força contra os hábitos da nação; (...) só dos anos pode esperar-se o verdadeiro remédio, não se perdendo um instante em vigiar pela educação pública; porque, para mudar os costumes e os hábitos de uma nação, é necessário formar em certo modo uma nova geração, e inspirar-lhe novos princípios." - José Acúrsio das Neves