quarta-feira, 29 de abril de 2015

aconselha-se

vivamente a seguir as "Acromiomancias Revisitadas" do dragão.
 O senão é que  Marcello apostou na dinamização económica a expensas da prudência política (neste caso, o inverso do Dr. Salazar).  Caetano herdou as boas finanças de Salazar, mas não lhe herdou a clarividência prevenida.  Por isso, quando  lhe desabou o choque petrolífero em cima, o sonho, que já vinha experimentando alguns sinais alarmantes, virou pesadelo. Nem sempre ir muito depressa é ir muito bem. Mas não fora esta prenda americana  dos amigos do costume, Caetano corria sérios riscos de modernizar o país ao ponto de tornar inúteis todos os seus peregrinos sucessores. Incluindo a adesão paulatina ao Mercado Comum europeu. Até vou mais longe, sem o ambiente decorrente do choque petrolífero, dificilmente a recepção popular ao golpe do 25 de Abril teria sido tão lorpa e festiva. Estamos, mais uma vez, no campo das puras influências externas, que sobrevoam e superam os protagonistas nacionais...

segunda-feira, 27 de abril de 2015

abolir a pobreza

Chesterton, aqui citado por Bonald
The trouble with out society is that the ideal is more wrong than the real.  Old Tories used to insist on teaching to the poor the principles of respect for private property, lest they should revolt and despoil the rich.  As a fact, it is the rich who have to be taught about the existence of private property, and especially about the existence of private life.  No ragged mob is likely to storm the nurseries of Mayfair, or steal the perambulators from the French nurses, or the pupils from the German governesses, parading in Kensington Gardens.  But philanthropists, under various excuses, really do raid the playgrounds of the poor.  They regard such a raid as a reform; and, in truth, it is a revolution.  Modern writers are very ready to cover great historical events with sweeping denunciations of crime; to say that the Great War was murder on a large scale or that the Russian Revolution was theft on a large scale.  They hardly realize how much of educational and philanthropic reform has been kidnapping on a large scale.  That is, it has shown an increasing disregard for the privacy of the private citizen, considered as a parent.  I have called it a revolution; and at bottom it really is a Bolshevist revolution.  For what could be more purely and perfectly Communist than to say that you regard other people’s children as if they were your own?

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Nicolás Gómez Dávila

Nadie se halla buscándose meramente a sí mismo.
La personalidad nace del conflicto con una norma.

João Camossa - entre a Anarquia e a Monarquia

texto de Daniel Sousa, no Literatura Marginal:
Camossa invocava uma corrente libertária para quem o rei devia ser o último vestígio do Estado. Podia também aliar-se a outro anarca-monárquico, o Salvador Dali, ou a um Tolkien, cujo pensamento não divergiria muito. Ou ainda, um pouco mais velho mas ainda assim conhecido, um homem livre como Afonso Lopes Vieira, e ainda, próximo e contemporâneo, um Agostinho da Silva, no reencontro entre um neo-republicanismo místico e um concepção anarco-comunalista reivindicada por uma facção do Partido Popular Monárquico, ideias compreendidas da influência de Herzen e do federalismo municipalista que apaixonara, nos primórdios da contestação oitocentista, uma primeira geração de republicanos. Subsumiam-se as ideias de uma monarquia pré-absolutista, idealizada na sua formulação popular e democrática, porque o que é verdadeiramente tradicional é inventar o futuro (diria mestre Agostinho da Silva).

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Participar

Cícero a demolir Julius Evola:
"É que a pátria não nos gerou e educou na condição de não esperar de nós como que alimento algum e de, estando ela própria ao serviço da nossa comodidade, fornecer ao nosso ócio um refúgio seguro e um lugar tranquilo para repouso, mas na condição de ser ela a receber os mais numerosos e melhores recursos do nosso espírito, do nosso engenho e do nosso discernimento, e de conceder, para nosso uso privado, somente o que lhe fosse supérfluo.
Já quanto às desculpas de que se servem como justificação para mais facilmente gozarem de ócio, essas não são minimamente aceitáveis. É o caso de dizerem que geralmente singram na carreira política homens que não são dignos de nada de bom, com os quais é sórdido comparar-se e aos quais é deplorável e perigoso fazer oposição, particularmente com a multidão excitada; e que, por esse motivo, não é próprio de um sábio tomar as rédeas quando não pode refrear os insanos e indomáveis ímpetos do vulgo, nem próprio de um homem livre confrontar-se com adversários impuros e desumanos e sujeitar-se ao ultraje das afrontas ou expor-se a injúrias insuportáveis para um sábio. Como se, para homens bons e fortes e dotados de uma alma grande, houvesse mais justa razão para seguir uma carreira política do que não obedecer a ímprobos nem permitirem que por estes mesmos o Estado seja dilacerado quando eles próprios mão estiverem em posição de pestar auxílio ao Estado, mesmo que o desejem."
Marco Túlio Cícero, "Tratado da República, Livro I". Trad. de Francisco de Oliveira. Círculo de Leitores e Temas e Debates, 2008, página 76-77
"E a verdade é que não basta possuir virtude, como se fosse uma arte qualquer, se ela não for usada. E embora uma arte possa ser mantida. como conhecimento em si, ainda que não seja usada, a virtude reside no seu uso prático Ora o seu uso supremo é a governação de uma cidade e a concretização, por actos, não por palavras, daquelas mesmas coisas que esses apregoam a um canto."
Marco Túlio Cícero, "Tratado da República, Livro I". Trad. de Francisco de Oliveira. Círculo de Leitores e Temas e Debates, 2008, página 73

Coca-Mola

O mais recente anúncio gay-friendly da Coca-Cola a passar na Televisão Portuguesa apresenta a típica mensagem distorcida dos valores comezinhos adaptados às modas da contemporaneidade.
Qual exercício neo-conservador, presta-se esta empresa a participar na massiva campanha para iludir os consumidores (que é o que nos resta, uma vez que cidadãos já não existem) de que os valores tradicionais da Família são compatíveis com o seu contrário, a não-família, o engano, a privação de uma criança de reconhecer um elemento feminino e masculino como seus geradores, enfim, a mundividência burguesa da sociedade.
Não admira reparar mais uma vez que a principal aliança do capitalismo mais desumano e destrutivo, do qual a Coca-Cola é fiel representante, é com os apaniguados do "progresso social". A luta para criar um mundo hedonista de pessoas que se definem pelo sexo das pessoas com quem se deitam é compatível, a cem por cento, com o actual regime económico que visa tornar-nos a todos em meros consumidores.
Como é agora hábito entre a esquerda, posto de parte o incentivo revolucionário, é agora altura de apelar ao trending, ao marketing e à desinformação, à destruição de conceitos basilares da sociedade para promover a mudança com o máximo de anestesia possível. Para que o consumidor coma caladinho e satisfeito.


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"(...) as leis não têm força contra os hábitos da nação; (...) só dos anos pode esperar-se o verdadeiro remédio, não se perdendo um instante em vigiar pela educação pública; porque, para mudar os costumes e os hábitos de uma nação, é necessário formar em certo modo uma nova geração, e inspirar-lhe novos princípios." - José Acúrsio das Neves