terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Amor Desesperado

O grande problema da defesa da identidade e da tradição é ser feita por homens desapaixonados.
Perante uma turba enlouquecida por uma sentimentalidade oca e consumista, de satisfação rápida e egoísta, a levantar as bandeiras e os estandartes do aborto, do casamento homossexual, da adopção gay, a propaganda do "se EU sou assim, quem ME pode impedir?", o que pode um homem meramente calculista, agarrado à prudência dos velhos e dos cansados?
Nada.
A defesa da identidade faz-se por almas apaixonadas, capazes de encher o coração, por uma vez que seja, de irracional bondade e sacrifício, de um amor incondicional que só conheça a entrega total de um coração em chamas.
Essa generosidade é sempre jovem, sempre alegre, cantando no caminho para o holocausto, tem como vontade suprema agradecer a gratidão de um espírito maior.
A Pátria deve ser livre, acima de tudo e todos? Deve, porque me deu tudo o que tenho - a língua, o local, o sentimento, a raiz.
E quantas vezes não são os próprios responsáveis por esta árvore, que é a tradição, os primeiros a envenenar as suas raízes?
Os velhos com mentalidade de cachopos, os curas com mentalidade de doentes. Lembro-me de viajar por uma terra em que o padre se orgulhava da sua luta contra as carpideiras, as mulheres a quem se pagava para que chorassem os mortos. Como se chorar não fosse uma ocupação nobre, como se a lágrima não fosse um presento cheio de beleza à memória de um morto.
A tradição dessa terra ditava que não se poupassem esforços a chorar a morte de um dos seus. Não se desprezavam lágrimas algumas, nem as da saudade nem as de obrigação. Mas a planura árida do sentido de estética estéril de um padre, infelizmente, conseguiu fazer prevalecer sobre a honestidade de uma crença local.
Deve assim o casamento entre homem e mulher ser a base da nossa sociedade? Sim, porque nestes dois opostos indestrinçáveis é que se encontra o segredo da sociedade, da família, da comunidade.
Deve o trabalho ser protegido, os nossos conterrâneos favorecidos no seu lar, as nossas instituições prevalecer sobre os interesses estrangeiros, sobre a ganância dos ricos?
Sim. Porque o que é nosso é maior do que nós, porque aquilo que merece ser protegido vale mais do que todo o dinheiro do mundo. Que um pai e uma mãe eduquem os seus filhos é mais valioso para um país que um arranha-céus pejado de escritórios de advogados e economistas. 
E é a paixão que reside neste factor tão simples, neste recipiente de infinito amor, que reside a base de qualquer programa que defenda, acima de tudo, a identidade de um País.

Todos Jeitosos

Em qualquer outro país a criminalização do piropo daria lugar a abusos preocupantes. Portugal, contudo, nação velha que ainda forma juízes com o rigor desmedido e ineficaz dos tempos antigos, vai lidar com esta medida com o mesmo espírito com que lida com a maior parte da legislação social proposta pela esquerda desde 1820 - vai permitir um burburinho inicial, aplicar a sentença na íntegra a alguns pobres incautos para depois, mais tarde, deixar a lei cair em letra morta, permitindo que o país volte à sua normalidade preguiçosa e meridional.
A coisa boa de terem impedido, quase definitivamente, que este país melhore para qualquer mediocridade decente, é que também o tornaram impermeável a tornar-se numa qualquer utopia de merda.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Sublime Portas

Portas foi o único político português deste século que conseguiu criar a oportunidade de um partido conservador em Portugal que não estivesse dependente das infra-estruturas do Estado.
Foi também a causa pela qual esse partido conservador nunca existiu de facto.
Portas ligou com mestria um eleitorado católico e tradicional a um quadro partidário essencialmente liberal e individualista. Nas bases desse quadro, atraiu para o seu partido empresários, capitalistas, toda uma jovem geração de jovens empreendedores anti-Estado e de pensamento anglo-saxónico.
No entanto, Portas é e sempre foi um patriota, francófono, conservador, amante das coisas portuguesas, anti-burguês, alérgico ao empreiteiro novo-rico de meia branca que tomou conta do PSD. Entre os seus heróis de ficção está o mercenário e aventureiro anarquista Corto Maltese.
Criou o jornal mais controverso da segunda metade do século XX.
Podia e devia ter sido o Gandalf da Direita Portuguesa.
Mas não foi, porque não quis e porque não deixaram. Afinal de contas, no mundo medíocre da política portuguesa, dominado pela inércia social democrata e a inaptidão socialista, Portas era um gigante entre anões, mas um gigante muito só.
Um gigante que ameaça agora fazer uma sesta. Veremos.

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"(...) as leis não têm força contra os hábitos da nação; (...) só dos anos pode esperar-se o verdadeiro remédio, não se perdendo um instante em vigiar pela educação pública; porque, para mudar os costumes e os hábitos de uma nação, é necessário formar em certo modo uma nova geração, e inspirar-lhe novos princípios." - José Acúrsio das Neves