domingo, 4 de abril de 2021

As influências semíticas no culto do Sol Invictus

 "Durante a anarquia do século III, o movimento que tendia a divinizar o Imperador em vida acentuara-se. Todos os Príncipes desse tempo se faziam representar nas moedas com uma coroa resplandescente na cabeça, o que exprimia a pretensão de serem considerados divindades solares. É muito provável que esta ambição, já sensível em Nero - e da qual podemos distinguir marcas no apolonismo de Augusto - se tenha visto reforçada, sobretudo depois de Elagábalo, pelos Severos, cujas ligações sírias explicam o misticismo e atracção particular pelo deus Sol de Emeso. Aureliano criara oficialmente em Roma um culto do Sol, cujo templo magnífico ultrapassava em extensão o das velhas divindades nacionais. Nessa época, o Sol, astro benéfico por excelência, é o grande deus da religião sincrética em que se misturam crenças masdeístas e semíticas e o Imperador, identificando-se com ele, afirma-se como Pantocrator, senhor do universo, de todo o cosmo."



Pierra Grimal (A Civilização Romana)


Na imagem: apesar de o culto ao deus Sol já existir em Roma desde os tempos da República, foi Aureliano que instituiu o culto do Sol Invictus incutindo-lhe elementos do culto de Malakbel (aramaico para "mensageiro de Baal"), deus-sol dos povos semitas nabateus, aqui visível à direita, contextualizado na tríade divina que o acompanha, o deus lunar Aglibol e o deus celestial Baalshamin.

Estela encontrada em Palmira, datada do século I d. C.

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"(...) as leis não têm força contra os hábitos da nação; (...) só dos anos pode esperar-se o verdadeiro remédio, não se perdendo um instante em vigiar pela educação pública; porque, para mudar os costumes e os hábitos de uma nação, é necessário formar em certo modo uma nova geração, e inspirar-lhe novos princípios." - José Acúrsio das Neves