terça-feira, 14 de junho de 2011

Caminhos da Música (II Parte 4)

Muitas das coisas que tornam a nossa época tão desarmoniosa e tão terrível que não resultariam do fato da arte não mais intervir na nossa vida? Será que não nos reduzimos, vergonhosamente, sem qualquer fantasia, apenas à linguagem do DÍZIVEL?
Que teria pensado Einstein, que teria achado se não tivesse tocado violino? Não são as hipóteses audaciosas e inventivas frutos exclusivos do espírito de imaginação até que possam, posteriormente, ser demonstradas pelo pensamento lógico?
Não foi por coincidência que a redução da música ao belo, por conseguinte àquilo que é por todos entendido, se tenha dado à época da Revolução Francesa [1789]. Na história, sempre houve períodos em que se tentou simplificar a música, reduzindo-a apenas ao elemento emocional, de modo a torná-la compreensível por todos. Cada uma dessas tentativas fracassou, conduzindo a uma diversidade e a uma complexidade novas. A música só será por todos compreendida se for reduzida ao primitivo, ou se cada um aprender a sua linguagem.

A tentativa mais bem-sucedida de simplificar a música a fim de a tornar compreensível a todos deu-se em seguida à Revolução Francesa. Tentou-se, então, pela primeira vez, num grande Estado, colocar a música ao serviço de ideias políticas: o minucioso programa pedagógico do conservatório foi o primeiro exemplo de uniformização na nossa história da música. Ainda hoje, músicos são educados para a nossa música europeia, no mundo inteiro, através desses métodos e, por meio deles, se explica aos ouvintes que não é preciso saber música para compreendê-la - basta que a julguem bela. [há mais métodos existentes além do do conservatório, que, mesmo com grande divulgação, principalmente métodos específicos para certos instrumentos, se baseiam no essencial neste formato]

Desse modo, cada um se sente com direito e capaz de opinar sobre o valor e a execução de música - um ponto de vista que possivelmente se explica à música pós-revolução, mas que de forma alguma vale para aquela composta nos períodos anteriores.
Estou firmemente convencido de que é de importãncia decisiva, para a sobrevivência do espírito europeu, saber VIVER com a nossa cultura. Para tal, no que concerne à música, coloco duas condições:

Primeira. os músicos precisam ser formados através de novos métodos que correspondam àqueles de duzentos anos atrás. A música nas nossas escolas não é ensinada como uma língua, mas somente como uma técnica de prática musical: o esqueleto tecnocrático, sem vida.

Segunda: a formação musical deveria ser repensada e receber o lugar que merece. Assim, iremos perceber as grandes obras do passado por um novo prisma. aquele da diversidade que nos mobiliza e que nos transforma e que também nos prepara para absorver o novo.

Todos nós precisamos da música, sem ela não podemos viver.

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"(...) as leis não têm força contra os hábitos da nação; (...) só dos anos pode esperar-se o verdadeiro remédio, não se perdendo um instante em vigiar pela educação pública; porque, para mudar os costumes e os hábitos de uma nação, é necessário formar em certo modo uma nova geração, e inspirar-lhe novos princípios." - José Acúrsio das Neves