segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

1521 na História

O ano de 1521 tem vindo a ser apontado por alguma historiografia portuguesa como a data simbólica do fim do Modelo de Estado Medieval e o início da Idade Moderna em Portugal.

A data não podia ser mais apropriada quando contextualizada internacionalmente. Ligado ao evento da morte do Rei Venturoso, está outro que marca profundamente a mudança da dinâmica social europeia e a teoria política do Estado - em 1521, Martinho Lutero persiste nos seus dogmas heréticos, na Dieta de Würmz, retirando-se para Worzburg auxiliado e protegido pelos príncipes do norte da Alemanha.
Nesse mesmo ano começa a conversão ao protestantismo da Europa do Norte, com a subida ao trono de Gustav Vasa na Suécia.
Do ponto de vista da nossa política externa, também a balança muda para Portugal: Magalhães chega às Filipinas, onde falece numa escaramuça com os nativos - no entanto, a sua expedição de circum-navegação ao serviço do reino de Espanha continuará.
Na América Latina, Cortez esmaga os Aztecas com o auxílio das tribos que o apoiaram.

As razões para tal data são muito simples: o estado de graça até então vivido pelo reino de Portugal, pioneiro da exportação da parte de europeus das suas instituições jurídicas, sociais e políticas para outros pontos do mundo inexplorado até então, aproxima-se do fim. O estado português de Dom Manuel I ainda é muito semelhante ao estado medieval dos seus antepassados, e a administração colonial portuguesa mostra muitos desses sinais. É com a morte de Dom Manuel I, em 1521, que esse período áureo de inocência terminará, e o reinado seguinte terá de enfrentar, numa escala totalmente diferente, o crescimento da concorrência comercial e militar de outras potências europeias e asiáticas, o crescimento da burocracia de um império cada vez mais penoso de manter, toda uma nova complexidade a nível do contexto mundial que acabará por mudar o nosso país.

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"(...) as leis não têm força contra os hábitos da nação; (...) só dos anos pode esperar-se o verdadeiro remédio, não se perdendo um instante em vigiar pela educação pública; porque, para mudar os costumes e os hábitos de uma nação, é necessário formar em certo modo uma nova geração, e inspirar-lhe novos princípios." - José Acúrsio das Neves