segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Situar-se...

Se por acaso se encontrarem na capital, de preferência com algum tempo livre, metam-se no metro e saiam no Martim Moniz. De lá, subam a Rua da Palma, passem o Núcleo Fotográfico do Arquivo Municipal de Lisboa e parem no número 270. Nessa pequena e bonitinha moradia alfacinha está a sede do Bloco de Esquerda, onde os líderes do PS e do BE se encontraram para discutir o futuro do nosso país. É importante a noção do lugar para desmistificar a política - saber que as coisas se passam numa rua florida e simpática e não numa mansão de marfim e granito povoada por eminentes autoridades e gárgulas milenares.
O que quer que se tenha discutido neste "lugarito" inchou Catarina Martins de tais veleidades - até o peito púdico ufanava de excitação! - que a pobre ia desmaiando de importância ao declarar o fim do Governo Coelho/Portas. Que momento, que pingente de orgulho!
E foi ali, exactamente ali, a três passos do Intendente, num palacete redecorado e adaptado para goles palacianos, que o resultado de uma eleição que assegurou a adesão ao partido do governo de todos os distritos a Norte do Tejo (excepto Castelo Branco, se não me engano) e a vitória em todos os principais concelhos do país, foi posto de lado pelo entendimento entre duas forças minoritárias.
Isto não é uma declaração de princípios, não é a defesa de proposta nenhuma de governo. Em democracia é necessário que instituições republicanas, colegiais ou não, amorteçam as consequências de uma excessiva influência dos sufrágios e das suas maiorias. E a Esquerda mais Democrática tem tanto direito a usar estas instituições como a Direita.
Cabe-nos a nós, contudo, pensar na forma como estes controlos nos limitam e na forma como cada força política os usa - especialmente quando os partidos se comportam como gabinetes burocráticos que desprezam qualquer tipo de análise mais abrangente sobre os resultados eleitorais.

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"(...) as leis não têm força contra os hábitos da nação; (...) só dos anos pode esperar-se o verdadeiro remédio, não se perdendo um instante em vigiar pela educação pública; porque, para mudar os costumes e os hábitos de uma nação, é necessário formar em certo modo uma nova geração, e inspirar-lhe novos princípios." - José Acúrsio das Neves