texto de Daniel Sousa, no Literatura Marginal:
Camossa invocava uma corrente libertária para quem o rei devia ser o último vestígio do Estado. Podia também aliar-se a outro anarca-monárquico, o Salvador Dali, ou a um Tolkien, cujo pensamento não divergiria muito. Ou ainda, um pouco mais velho mas ainda assim conhecido, um homem livre como Afonso Lopes Vieira, e ainda, próximo e contemporâneo, um Agostinho da Silva, no reencontro entre um neo-republicanismo místico e um concepção anarco-comunalista reivindicada por uma facção do Partido Popular Monárquico, ideias compreendidas da influência de Herzen e do federalismo municipalista que apaixonara, nos primórdios da contestação oitocentista, uma primeira geração de republicanos. Subsumiam-se as ideias de uma monarquia pré-absolutista, idealizada na sua formulação popular e democrática, porque o que é verdadeiramente tradicional é inventar o futuro (diria mestre Agostinho da Silva).