Das coisas mais inteligentes que li sobre o Mandela é este trecho de Arthur Kemp, citado por Flávio Gonçalves no Semanário "O Diabo", 21 de Dezembro de 2013:
"o ANC recorreu à violência e, sim, também ao terrorismo mas só após cinco décadas de tentativas pacíficas para acabar com o governo branco (...) chegou a altura de ser completamente honesto acerca disto: fosse eu um preto na África do Sul de pré-1994, teria apoiado o ANC bem como o combate armado. Tal como o teriam feito todos os meus amigos "de direita" na África do Sul - se fossem pretos.
Sei que o ANC cometeu muitas atrocidades no decorrer da sua 'luta armada'. Mas sei também, por experiência no decorrer dos meus quatro anos de serviço (...) que o Estado era também ele dado à violência. Era um ciclo de violência, com um ultraje a alimentar o próximo numa espiral crescente.
Mas à parte disto: o verdadeiro significado de Mandela foi ser um homem que se dedicou por completo à libertação do seu povo a qualquer custo, que se manteve fiel à sua crença e nunca vacilou.
Embora pessoalmente possamos não gostar da sua ideologia nem do que foi feito em seu nome (...), o desejo dos africanos quererem governar-se nas suas próprias nações, livres do jugo branco, como personificado na vida de Mandela, na realidade justifica a exigência dos europeus se governarem a si mesmos nas suas nações.
Pensem nisso. Em vez de condenarem os africanos por quererem governar-se, os activistas pró-europeus deviam aceitar quão errada foi a colonização do Terceiro Mundo por parte dos europeus e, como tal, ser igualmente errada a colonização das terras europeias por parte do Terceiro Mundo.
Em vez de condenarem os africanos por terem feito aquilo que qualquer povo sadio faria, os 'direitistas' deviam abandonar a sua bafienta, cansada e velha retórica e, em vez desta, procurar um 'Nelson Mandela europeu' que os desvie da via da extinção em que se encontram."