domingo, 13 de março de 2011

Recordações de Barcelona

Barcelona, união perfeita entre o que de mais antigo e mais moderno já se fez em sociedade, desde os seus primórdios.
Reunião de prazeres tão distintos como a praia e o campo, o porto e a fortaleza, a devoção religiosa mais intensa e a luxúria nocturna mais inebriante.
A defesa de uma identidade da forma mais activa política, económica e socialmente, bem vincada em exemplos tão próximos como no futebol, na gastronomia ou na língua.
Lembro-me perfeitamente do caso de um dono de uma loja pôr um anúncio a pedir um funcionário e este texto estar escrito só em castelhano. Pois dias depois já lá estava alguém por parte do Estado municipal com uma denúncia de que a lei/regra de se escreverem esses textos dessa índole, pelo menos, em catalão!!

Mesmo que tendo sido em trabalho, houve muitas oportunidades para me deliciar com a variedade arquitectónica, de me "perder" nas suas transversais, onde se encontram as mais deliciosas surpresas, como uma loja de flores que ocupava um quarteirão inteiro!, ou uma loja de partituras que praticava uns bons preços, só ultrapassáveis pelos que encontrei em Budapest.

E livrarias, muitas livrarias; e não me refiro a redes de lojas generalistas como a FNAC (que as têm), mas sim especializadas, como só em literatura catalã, ou só estrangeira ou só Banda Desenhada, ou só de literatura sobre as mais diversas expressões artísticas. Já para não referir a diversidade de lojas de discos, onde se encontravam raridades da pop, rock e música erudita, etc. Até tive a sorte de "cair" numa praça onde havia uma feira de antiguidades, com, veja só, venda de títulos de acções de mais de 70 anos, moedas muito antigas, enfim, uma autêntica "volta ao passado".
A própria organização dos espaços de leitura, as cores, a mobília, tudo o que estivesse relacionado com uma loja de livros era, maioritariamente, arte de bom gosto.
O mundo onde era fácil parar no tempo, tal como nas ruas circundantes a Cedofeita ou Clérigos ou Miguel Bombarda, para dar termos de comparação com o Porto.
Mostro eu estes exemplos porque, tendo eu ido por ocasião de um curso de aperfeiçoamento pianístico/musical, a minha atenção era despertada para estes interesses, mas houve, claro, lugar para outra paixão: o futebol.
Ver jogos do Barça é também ver arte, alegria, emoção em estado puro.Mas ver num café de um dos clubes satélites do Barça é outra coisa. Ainda para mais quando o clube catalão ganha e o Real Madrid empata logo a seguir. Até portugueses por lá encontrei e fizemos "la fiesta" até às tantas pelas Ramblas.
Agora outro registo: um concerto de piano numa sala lindíssima com boa acústica. Agora imaginem, de seguida, um serão de piano mas com castanholas e dançarinas trajadas a rigor. Olé!Se há cidades parecidas com o Porto, onde me sinto em casa, Barcelona é uma delas, sem dúvida. Onde estar num grande jardim, na praia ou museu, a ler ou a ouvir música, nas ruas a mirar as varandas ou a apanhar sol numa esplanada é uma promessa cumprida.

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"(...) as leis não têm força contra os hábitos da nação; (...) só dos anos pode esperar-se o verdadeiro remédio, não se perdendo um instante em vigiar pela educação pública; porque, para mudar os costumes e os hábitos de uma nação, é necessário formar em certo modo uma nova geração, e inspirar-lhe novos princípios." - José Acúrsio das Neves