quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Recordações da Hungria (III)

Agora que tanto se fala em Brazil pelas piores, num início nada alegre de presidência por parte do mandato de Dilma Roussef (admito que tive de ir ao google ver qual era mesmo o nome, tchiii), e porque as lembranças de Budapest são mais que muitas, relembro-me da questão, aflorada por um colega brazileiro (nas aulas de coro, sempre muitíssimo fáceis de seguir, pela correcção de afinação e terrivelmente entediantes, por causa da língua), de que o facto de se ter apostado quase exclusivamente na defesa dos mais pobres com tudo quanto era subsídios, empréstimos, apoios sociais em geral levou à quase eliminação da sustentabilidade da classe média, aquela que normalmente advoga da promoção de actividades musicais aos seus educandos, nos Conservatórios e Academias.
Pois se assim era (e é), pois então a qualidade, dizia-me ele, tinha sido nivelada por baixo, em que ter aulas em escolas públicas era o pior terror, onde só iam quem queria ter as melhores notas de forma mais barata, pois nas Faculdades privadas, bem pagas, existia uma vergonhosa compra de créditos e facilidades de obtenção de grandes notas em certas cadeiras, o que fazia com que fossem rotulados de "mercadores d'herança comprada", pois se tudo lá era comprado. Os melhores Professores a saírem das escolas e a darem aulas particulares e em privadas (onde é que eu já vi isto???!!!), o Estado a defender que existem muito menos pobres, a classe média a repetir até à exaustão que tinham de sair do país para não ficarem num país onde todos pensavam como operários, na força e não na razão.
Ele era um deles, com família de "trabalhadores humildes", viu-se forçado a separar-se dos seus mais próximos familiares, ele que nunca tinha ouvido Música Erudita num verdadeiro concerto, só algumas amostras de tentativas de estereotipação por parte do Estado (sempre ele).

E só consigo pensar nas aulas de coro, sempre Még több zene!!!!

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"(...) as leis não têm força contra os hábitos da nação; (...) só dos anos pode esperar-se o verdadeiro remédio, não se perdendo um instante em vigiar pela educação pública; porque, para mudar os costumes e os hábitos de uma nação, é necessário formar em certo modo uma nova geração, e inspirar-lhe novos princípios." - José Acúrsio das Neves