segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Um Imenso Portvgal

Império Lusitano soube usar liberdade das elites locais e religião missionária para manter-se por cinco séculos, artigo de Carlos Haag


Essa foi uma das principais razões do sucesso dos portugueses em face dos rivais espanhóis. “A monarquia espanhola era uma variedade de reinos, enquanto Portugal era um reino unificado. Foram feitos grandes esforços para aumentar o poder do Estado a expensas da nobreza e das comunas. Esses recursos ajudaram na expansão marítima que, por sua vez, deixou o reino menos dependente de nobres e plebeus graças aos recursos obtidos.
Em troca, esses recursos permitiram ao Estado cooptar a nobreza, o que propiciou ao rei português uma consolidação espantosa do seu poder”, explica a historiadora Ana Paula Megiani, da USP, organizadora de O império por escrito (Alameda), outra pesquisadora do projeto.“Com essa centralidade, a monarquia portuguesa tinha uma capacidade de mando no império maior do que a espanhola, com o poder local funcionando como formas de exercício daquele poder, expressões de centralidade, e não de desmembramento do império”, avalia Ana. 
Ainda assim Portugal vivia uma contradição que os espanhóis não tinham: era um império sem imperador.“Nesse contexto, a face religiosa do império é a que melhor expressa a sua universalidade.
A Igreja ofereceu um substrato adequado à efetivação prática de um grupo de dogmas e princípios, tendo nas missões religiosas o seu principal instrumento operacional para cimentar as partes da totalidade”, afirma o historiador Adone Agnolin, da USP, do núcleo Religião e Evangelização da pesquisa. “A perspectiva religiosa traz a base de uma universalitas (princípio construtor de impérios herdado dos romanos), repassada, do ponto de vista político, à manutenção dos impérios, mas que, no fundo, se apoia sobre a ideia de um ‘império simbólico, unindo política e religião”, fala Agnolin.
Segundo o historiador, por meio de seus missionários, o Império Português reverte o processo de formação histórica ao encontrar seu pressuposto universal na dimensão do religioso. “O religioso é seu instrumento privilegiado para a realização do projeto e, a partir dele, Portugal se propõe como novo e inédito modelo imperial”, diz.

domingo, 29 de dezembro de 2013

Dom Miguel Primeiro de Portugal e o Reforjar da Espada

(transcrição em VII partes do artigo publicado n'O Diabo, 27 de Agosto de 2013)

O nome do arcanjo Miguel, padroeiro da Legitimidade, foi despreocupadamente dado ao sétimo filho do príncipe-regente D. João e de sua mulher, a princesa Carlota Joaquina. No entanto, com o passar dos anos, o destino deste jovem infante tornou-se inegavelmente ligado ao conteúdo profético desse mesmo nome. O Calvário da Legitimidade será personificado por este rei português de forma exemplar, equiparando-o aos outros Monarcas Malditos da História Europeia, como Carlos Stuart para os Jacobitas Escoceses, Dom Carlos de Borbón para os Carlistas Espanhóis e o Conde de Chambord para os Legitimistas Franceses.

“Fazei por aplacar um Deus irado
Lembrai-lhe o cumprimento da Promessa.
Que em Ourique vos fez crucificado.”

Soneto evocativo de D. Afonso Henriques aquando da visita de D. Miguel ao túmulo do primeiro rei.



Rei Tradicionalista ou Cruel Usurpador, Dom Miguel posiciona-se na História de Portugal como um dos reis mais controversos, sem dúvida aquele que mais ódios e paixões despertou na nossa complicada Era Contemporânea. Símbolo do Portugal Profundo e Católico que o Liberalismo temeu e hostilizou, a sua figura carismática fez sombra à popularidade dos Reis Constitucionais, privando-os da simpatia do povo na mesma medida em que a tinham gozado dos seus antecessores. Conta-se que aquando da visita de Dom Pedro V ao Santuário de Nossa Senhora da Rocha, imagem que era alvo particular da devoção miguelista, este havia-se cruzado com uma velhinha que lhe dissera que, embora nutrissem todos os locais de muito carinho por esse rei querido, de quem eles sentiam falta era daquele que lhes fora tirado, aquele que se fora embora. A ameaça do ressurgimento miguelista durou muito depois do exílio de Dom Miguel do território nacional, mantendo-se os seus partidários (o Partido Legitimista) em actividade política activa até meados de metade do século XX.

By the bonnie bonnie banks o' Loch Lomond

Impregnada do carinho próprio da cultura escocesa, "Loch Lomond" é uma antiga música ligada ao amor de uma mulher (Moira) pelo seu falecido esposo (Donald), morto em batalha pela Causa do Príncipe Carlos Stuart.
No refrão ouvimos o lamento de Moira, que chora o seu marido, que caminha pela Estrada de Cima (High Road, o Céu, onde descansam as almas dos bons e os puros), enquanto ela permanece na Estrada de Baixo, entre os mortais. Confronta-nos assim Moira com a crueldade do seu destino: ela percorrerá o seu caminho entre os vivos, longe do seu terno esposo.

Talvez se voltem a encontrar, um dia, nas margens de Loch Lomond.






O wither away my bonnie May (which direction) 
Sae late an' sae far in the gloamin' (so far in the dusk) 
The mist gather grey o'er moorland and brae (hill) 
O wither sae far are ye roamin'?

Chorus:

O ye'll tak the high road an' I'll tak the low 
I'll be in Scotland afore ye 
For me and my true love will never meet again 
By the bonnie bonnie banks o' Loch Lomond

O well may I weep for yestreen in my sleep (well) (yesterday) 
We stood bride and bridegroom together 
But his arms and his breath were as cold as the death 
And his heart's blood ran red in the heather
I trusted my ain love last night in the broom (own) (bush) 
My Donald wha' loves me sae dearly 
For the morrow he will march for Edinburgh toon (town) 
Tae fecht for his King and Prince Charlie (to fight)


(chorus)

As dauntless in battle as tender in love 
He'd yield ne'er a foor toe the foeman (enemy) 
But never again frae the field o' the slain (from) 
Tae his Moira will he come by Loch Lomond
The thistle may bloom, the King hae his ain (have his own) 
And fond lovers may meet in the gloamin' 
And me and my true love will yet meet again 
Far above the bonnie banks of Loch Lomond

(chorus)

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Our Unknown GrandFathers

Portuguese and Basques do not show the Mediterranean A33-B14-DR1 haplotype, suggesting a lower admixture with Mediterraneans; Spaniards and Algerians do have this haplotype in a relatively high frequency, indicating a more extensive Mediterranean genetic influence. The paleo-North African haplotype A30-B18-DR3 present in Basques, Algerians, and Spaniards is not found in Portuguese either. The Portuguese have a characteristic unique among world populations: a high frequency of HLA-A25-B18-DR15 and A26-B38-DR13, which may reflect a still detectable founder effect coming from ancient Portuguese, i.e., oestrimnios and conios

Relatedness among Basques, Portuguese, Spaniards, and Algerians studied by HLA allelic frequencies and haplotypes.

um Nelson Mandela europeu


Das coisas mais inteligentes que li sobre o Mandela é este trecho de Arthur Kemp, citado por Flávio Gonçalves no Semanário "O Diabo", 21 de Dezembro de 2013:

 "o ANC recorreu à violência e, sim, também ao terrorismo mas só após cinco décadas de tentativas pacíficas para acabar com o governo branco (...) chegou a altura de ser completamente honesto acerca disto: fosse eu um preto na África do Sul de pré-1994, teria apoiado o ANC bem como o combate armado. Tal como o teriam feito todos os meus amigos "de direita" na África do Sul - se fossem pretos. 
Sei que o ANC cometeu muitas atrocidades no decorrer da sua 'luta armada'. Mas sei também, por experiência no decorrer dos meus quatro anos de serviço (...) que o Estado era também ele dado à violência. Era um ciclo de violência, com um ultraje a alimentar o próximo numa espiral crescente. 
Mas à parte disto: o verdadeiro significado de Mandela foi ser um homem que se dedicou por completo à libertação do seu povo a qualquer custo, que se manteve fiel à sua crença e nunca vacilou. Embora pessoalmente possamos não gostar da sua ideologia nem do que foi feito em seu nome (...), o desejo dos africanos quererem governar-se nas suas próprias nações, livres do jugo branco, como personificado na vida de Mandela, na realidade justifica a exigência dos europeus se governarem a si mesmos nas suas nações. 
Pensem nisso. Em vez de condenarem os africanos por quererem governar-se, os activistas pró-europeus deviam aceitar quão errada foi a colonização do Terceiro Mundo por parte dos europeus e, como tal, ser igualmente errada a colonização das terras europeias por parte do Terceiro Mundo. 
Em vez de condenarem os africanos por terem feito aquilo que qualquer povo sadio faria, os 'direitistas' deviam abandonar a sua bafienta, cansada e velha retórica e, em vez desta, procurar um 'Nelson Mandela europeu' que os desvie da via da extinção em que se encontram."

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"(...) as leis não têm força contra os hábitos da nação; (...) só dos anos pode esperar-se o verdadeiro remédio, não se perdendo um instante em vigiar pela educação pública; porque, para mudar os costumes e os hábitos de uma nação, é necessário formar em certo modo uma nova geração, e inspirar-lhe novos princípios." - José Acúrsio das Neves