do Pasquim da Reacção, artigos antigos (meus negritos)
Depois vem uma enorme confusão. Diz o Rodrigo N. que o Contra-Revolucionário luta por uma comunidade jurídica e que o nacionalismo que perfilha se guia por um critério histórico. Se este erro é comum, não é certamente menos disparatado. Ao longo de toda a Época Medieval não existiu qualquer teoria que tenha defendido a defesa do Rei ou da comunidade política apenas por esta ser a sua. Pelo contrário, a filosofia política medieval supreende o homem moderno pelo seu constante apelo a critérios que são extra-jurídicos. A comunidade jurídica deve existir porque serve finalidades que são maiores que a própria e o Direito serve para as proteger. Ninguém diz “defende o teu Rei ou o teu país porque eles são o teu Rei e o teu país”, mas tenta munir o homem de critérios para que encontre a acção justa (saber que Rei servir vem da capacidade de compreender a melhor ordem política). Ora quem usa esse argumento são precisamente os defensores da modernidade que dizem “o que é justo é aquilo que a comunidade ou o Rei te dizem”. Muitos até dizem que isso é ser contra o “abstracionismo universalista”...Todos percebem o que o autor quer com isto e a confusão desemboca onde todos (menos o autor do escrito) já perceberam irá dar. Se o “verdadeiro nacionalismo” está acima da especulação, não se percebe qual é o critério acima do jurídico ( que expressa a vontade da comunidade) que poderá ser “histórico e étnico”. Há uma inconsistência grave e elementar em todos os que dizem que a comunidade é o critério e depois desatam a dar-lhe os seus critérios. Se assim fosse, não deveria o RNP aceitar os critérios que lhe são dados pela presente comunidade e aceitar as suas leis (a imigração p.ex.)? A não ser que se encontre inserido noutra comunidade, mas isso de comunidades imaginadas é um instrumento de poder, como dizia o Anderson. Habitar comunidades imaginadas e falar contra a abstracção é caso estranho.