segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Second Creation

“After having lovingly soothed those great wraths and after having calmed those furious tempests with her gaze alone, the Church raised a monument from a ruin, an institution from a custom, a principle from an event, a law from an experience; to say it in a word, order from chaos, harmony from confusion. Undoubtedly, all the instruments used for Her creation, like chaos itself, were taken from that chaos; Hers was only the enlivening and creating force. In that chaos there was, in embryonic form, everything that would be born and live, the Church, bereft of everything, possessed the being and the life, everything came into being and everything came alive when the world lent an attentive ear to her loving words and fixed its gaze on her resplendent beauty.

“No, men had not seen anything like it because they had not seen the first creation, neither will they see it again for there will not be three creations. One might say that God, regretting that He had not made man a witness of the first, allowed His Church a second creation just so man could behold it. ” — Donoso Cortes

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Does the Cosmic Census Bolster Atheists' Claims?
by Jennifer Fulwiler

What I see now is a universe that gives us an ever-present reminder of who and what God really is. The vastness of the universe is unfathomable; to try to contemplate every detail of every object in existence is an exercise in futility. The human mind has nowhere near that kind of capability, and that understanding should inspire us to humility about our own intellectual powers. And so it is when we contemplate God.

It’s a perfect plan, really: the smarter we get, the more we can know about the universe around us. Yet the more we study and measure and chart the heavens, the more we realize how incredibly tiny we are, how very much there is that we will never, ever know. We get a glimpse of the reality that the sum total of human learning cannot ever scratch the surface of what there is to know. We see that we are surrounded by an unfathomably wonderful creation; which points to an unfathomably wonderful Creator.

“As the heavens are higher than the earth, so are my ways higher than your ways, and my thoughts than your thoughts” (Isaiah 55:9).

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

O Homem-Massa, ou A Cidadania de Sondagem

O Dissidente a dar-lhe. E na mouche.
Dos Opúsculos de A. Pimenta

Toda a acção do governo, é uma acção de violência, de imposição, de força. Governar é coordenar: coordena-se a bem quem obedece, coordena-se à força quem desobedece. Quem governa manda. E quem manda faz-se obedecer, primeiro, pela persuasão, depois, quando esta é impotente, pela força. Ou o poder reside num homem, ou num grupo de homens, ou numa multidão — a sua base essencial é essa, e não pode ser outra. Uma sociedade não é tanto mais perfeita e civilizada quanto mais cada indivíduo comparticipa do Poder, mas sim quanto mais conscientemente cada indivíduo obedece. A consciência do Dever, a consciência da Obediência, são estádio superiores de Civilização. Não é oportuno que desenvolva até às últimas consequências este conceito, porque não quero afastar-me do meu fim. Mesmo o que fica dito chega para o que tenho em mira.
Portanto, o regime normal é a violência? Quem a detém? Quem a exerce? Um homem? Uma assembleia? Um génio? O Número? Pouco importa, para o caso de saber o que é o governo.

Mas analisadas as consequências de exercer essa violência um homem ou uma Assembleia — nós podemos concluir pelas vantagens ou desvantagens da ditadura individual, pelas vantagens ou desvantagens da ditadura individual, pelas vantagens ou desvantagens da ditadura parlamentar.

A Ditadura individual é pessoal, responsável, contínua, finalista. Sei quem a exerce; sei quem devo julgar pelo bom ou mau resultado da sua acção; sei que não lhe encontro hesitações contraditórias, soluções de continuidade; sei o fim a que ela visa, o destino que a conduz. A ditadura parlamentar é impessoal, irresponsável, contraditória, cega. Quem a exerce é o Número, mas este não tem nome. A responsabilidade de uma assembleia é a irresponsabilidade dos indivíduos, por isso as obras das ditaduras parlamentares não admitem sanção. As opiniões da multidão, são flutuantes, quase instintivas, momentâneas, — donde a ondulação dos seus actos. Formada de elementos heterogéneos, uma assembleia não pode ter um fim uno. A acção do governo quer-se centralizada, e o órgão que a exercer quer-se simplificado.
Augusto Comte observava, com aquela superioridade que caracteriza todas as suas observações, que nunca os inferiores podiam escolher os superiores. Não se compreende que os governados, sem competência para as funções de governo, escolham os governantes. A admissão dessa escolha leva, em última análise, ao princípio incongruente de que são os governantes sem competência para as funções de governo quem governa. Se o princípio parlamentarista assenta na soberania da maioria, e como a incompetência é a maioria, acontece que é a incompetência quem triunfa, quem decide, quem governa. A representação das minorias nada resolve, pois, ao contrário do que muita gente afirma, entendo que da discussão, geralmente, sai mais treva do que luz. As discussões parlamentares são justas de palavrosos — e com palavrosos os povos caminham a estrada que o nosso tem caminhado. No entretanto, a verdade é a mistificação parlamentar entrou tanto no quadro dos vícios, irreprimíveis, que, à semelhança do que acontece com o jogo, será bom regulamentá-la. A regulamentação do parlamentarismo consistirá, assim, em conceder a capacidade eleitoral apenas aos que, presumivelmente, podem e sabem dispor do seu voto, e em restringir as funções parlamentares ao mínimo. A primeira medida contribuirá para a repressão da anarquia da Opinião Pública; a segunda, para a limitação da anarquia das esferas governativas.

Poucos têm insistido tanto, entre nós, em criticar a Democracia, por ela se basear no Número, como eu.

Sempre que posso, isto é, sempre que tenho pretexto para tal, chamo a atenção dos espíritos reflectidos para a absoluta sem razão que existe numa Doutrina que faz depender a verdade da opinião da maioria.
E digo que a verdade é independente do número dos que a professam, podendo estar na minoria, estando, mesmo, por via da regra, fora da maioria. É que não podendo ela ser, e não devendo ser resultante da inteligência média que aliás é uma quimera, mas sim das inteligências superiores, e não sendo estas nunca, em grande número, nos meios sociais, evidentemente que ou ela sai do reduzido grupo das inteligências superiores, e não é, portanto, obra da maioria, ou sai desta, por maioria ser, e representa a cooperação das inteligências inferiores.


Nas Democracias, porque o Número é a ultima ratio, acontece que a direcção da sua vida e a solução dos seus problemas cabem ao Anonimato, à irresponsabilidade, porque o Número, por definição, é anónimo, e, portanto, irresponsável.
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terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Portugalidade

Texto na íntegra aqui - agradecimentos à Tribuna:


Porque doutrinador de Portugalidade — monárquico, porque foi a Monarquia que fez Portugal, mas a Monarquia pura, a Monarquia tradicional, a que vem de 1128, se afirma em Ourique, se consolida em Aljubarrota, rasga o caminho marítimo da Índia, cria o Império, sucumbe, devagar, em Alcácer, e ressuscita em 1640, para cair, apunhalada pelas costas, em 1834, em Évora-Monte.
Porque doutrinador de Portugalidade — monárquico, mas da Monarquia que fez a Nação, e não da que começou a desfazê-la; da Monarquia em que o Rei é a síntese viva do Povo, da Monarquia que ama o Povo, que se confunde com o próprio Povo — mas o Povo verdadeiro, e não o Povo dos Partidos, o Povo pulverizado em indivíduos que são números; a Monarquia que é o próprio Povo, o Povo trabalhador, — camponês, soldado, marinheiro, artífice, doutor, padre, letrado, sábio, artista, funcionário, e não o Povo vadio e tunante das conjuras, das alfurjas, dos apetites das facções, dos grupos e dos clubes políticos, dos demagogos e arruaceiros.
Porque doutrinador da Portugalidade — inimigo da Democracia que, entrando as nossas fronteiras nas mochilas das hordas napoleónicas representativas da Revolução Francesa, nos veio dementar, e se instalou no Poder em 1820, e tomou conta definitivamente do Estado, sob a máscara de Monarquia, em 1834, com o Senhor D. Pedro, Imperador do Brasil, e sem máscara, em 5 de Outubro de 1910, por obra e graça da Carbonária de Lisboa.
Porque doutrinador de Portugalidade — inimigo do Liberalismo político que matou as liberdades profissionais ou corporativas, e as regalias municipais — preanunciando o Standardismo comunista.
Porque doutrinador de Portugalidade — adversário do Parlamentarismo que é a falsificação do Supremo Interesse Nacional.
Porque doutrinador de Portugalidade — amigo do Povo, cheio de carinhos para as suas desditas, cheio de entusiasmo fervoroso para as suas glórias, ríspido, às vezes, para os seus desmandos, mas sempre zeloso das suas virtudes, e, consequentemente, inimigo declarado e implacável dos exploradores das suas paixões e dos seus instintos, dos que, sistematicamente, fazem dele degrau para as suas ambições mais depravadas, e para a satisfação dos seus interesses mais inconfessáveis.
Porque doutrinador de Portugalidade — defensor do Povo contra os Mitos que o fascinam e pervertem, contra as nuvens que o embriagam e corrompem, contra as Miragens que o seduzem e estrangulam.
Porque doutrinador de Portugalidade — nacionalista integral, pondo acima de tudo, e de todas as considerações, o Interesse legítimo, o Prestígio honesto, a grandeza eterna, e a honra Imaculada da Pátria — e por isso mesmo católico e monárquico.

Crítica de concerto (VII) - parte II

Clepsydra

A impotência perante o caminho galopante do tempo leva-nos a sentirmo-nos reduzidos a pequenas dimensões quando comparados com a imensidão temporal que passa por nós. Invariavelmente ansiosos, desejamos que o tempo pare somente por breves instantes, que por momentos tudo fique reduzido ao silêncio, onde a única fonte de som e vida sejamos nós.
Se o fizéssemos, seriamos extremamente poderosos.

Igor C. Silva

Este é o texto que aparece quando abrimos a partitura da peça do Compositor (ou será ainda aspirante? Pelo menos, o mesmo referiu-se naquela hora como "plenamente realizado como compositor"). Dá logo vontade de ver o resto.

O texto "fala" por si.

Recordações da Hungria (IV)

Durante o ano lectivo passado pude ter a possibilidade de realizar um ano de Licenciatura na Academia Ferenc Liszt em Budapest, Hungria. E aquilo que ainda hoje me espanta deveras prende-se com a quantidade de concertos que aconteceram no Grande Auditório, entre Setembro e meados de Dezembro.

O facto de haver concertos todos os dias e muitas das vezes, duas vezes no mesmo dia, é revelador de uma grande tradição de divulgação de muito material existente na arte musical erudita.

Todas as formas musicais eram apresentadas; os agrupamentos sucediam-se; as interpretações a solo também. Formações sinfónicas e filarmónicas enchiam os camarins, os bastidores, as salas de ensaio, algumas já demasiado velhas para albergarem tantos músicos. Desta forma habituei-me a passar os fins de tarde a ver um concerto na minha escola, numa sala com boa acústica (não em todos os lugares), finalizando um dia repleto de estudo e de aulas com programas musicais de qualidade.

É óbvio que com tanta quantidade, a qualidade não seria a mesma em todos os concertos e audições. O mais engraçado era constatar que as Orquestras húngaras de maior orçamento eram as que mais defraudavam as expectativas, com piores maestros que os da Universidade. Tanto se podia ouvir uma esplenderosas Soprano Cantar numa Sinfonia de Mahler, com um registo final etéreo e delicioso, como no dia seguinte não conseguir aguentar 15 minutos de uma Missa de Johann Sebastian Bach, pois a orquestra está extremamente lenta e desafinada. Havia, pelo menos, meia casa, como se dum estádio de futebol de um grande se tratasse; muita gente passava lá a vida nos mesmos lugares, sendo que os das primeiras 7 filas!!! tinham o nome gravado nas cadeiras de quem os tinhas comprado pela primeira vez, desde a fundação em 1875.



O "galinheiro" (lugares para estudantes) está sempre cheio. Sendo gratuitos, havia imensa procura e "tácticas/estratagemas" para driblar a concorrência. Quem melhor se preparava eram os asiáticos. Sempre em grupo, nunca se via, em toda a cidade!!! um estudante asiático sozinho. Era impressionante. Ocupavam desde muito, mas muito cedo os lugares. Mas valia a pena o esforço, pois comparado, por exemplo, com o do Coliseu do Porto, este "galinheiro" era de lugares VIP's. Cadeiras almofadas, boas acústica, boa visão e de borla. Também se podiam assistir aos ensaios neste lugar.

Houve o caso do pianista Piotr Anderszewski que, por doença, faltou. Quem o substituiu, a menos de 2 horas do concerto, foi um Professor da Academia, Jano Jendo, que apresentou um programa repleto de peças de quase todas as épocas musicais. Desde o clássico até música húngara contemporãnea, foi mais de hora e meia de música de boa qualidade, a dar dois extras ao seu público.



Esta quantidade exorbitante de concertos é assinalável conquanto que, ao mesmo tempo e em certos dias, havia mais de 10!! concertos, só de música erudita e só em alguns distritos/quarteirões de Budapest. Juntando a Opera, tínhamos uma variedade inesgotável, com preços altamente competitivos, transportes "à porta" para quase todas as salas. Fosse estudante, funcionário público, reformado, grupos de escolas com Professores, havia sempre um desconto para alguém.



Dir-me-á o leitor: "Pois, mas estamos a falar da Capital do país". Sim, é impossível de comparar com o Porto. Mas mesmo com Lisboa, que faltará acrescentar à riquíssima tradição que estas duas cidades portuguesas têm na divulgação de música portuguesa erudita? Talvez se não houvesse tantas "capelinhas" e gestão fraudulenta de dinheiros públicos, se respeitássemos mais o património imobiliário edificado em nome da música, em vez de deitarmos abaixo porque está velho, talvez houvesse mais variedade.



Porque concertos em Portugal não faltam, basta ver as agendas de imensas cidade.



Falta sim a conjugação entre elas. Para não termos quase tudo na mesma altura e depois um deserto, em que um instrumentista solista ou um grupo de música de câmara tocam numa sala uma vez por mês.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Canto dei Sanfedisti



A lu suono d'a grancascia
viva viva la gente bascia
A lu suono d'e tamburrielli
so' risorte 'e puverielli
A lu suono d'e campane
viva viva li pupulane
A lu suono d'e viuline
mitt'a morte li Giacubbine.
Sona sona
sona Carmagnola
sona li cunsiglia
viva 'o rre cu la Famiglia.
A sant'Eremo tanto forte
l'hanno fatto comm'a ricotta
A 'stu curnuto sbrevognato
l'hanno mis'a mitria 'ncapa
Maistà chi t'ha traduto?
chistu stommaco chi ha avuto?
'e signure, 'e cavaliere
te vulevano priggiuniere.
Sona sona
sona Carmagnola
sona li cunsiglia
viva 'o rre cu la Famiglia.

Alli tridece de giugno
sant'Antonio gluriuso
'E signure, 'sti birbante
'e facettero 'o mazzo tante
So' venute li Francise
aute tasse n'ci hanno mise
Liberté... Egalité...
tu arruobbe a me
io arruobbo a te.
Sona sona
sona Carmagnola
sona li cunsiglia
viva 'o rre cu la Famiglia.

Li Francise so' arrivate
ci hanno bbuono carusate
E vualà e vualà
cavece 'n culo alla libbertà
A lu ponte d'a Maddalena
'onna Luisa è asciuta prena
e tre miedece che banno
nun la ponno fa' sgravà.
Sona sona
sona Carmagnola
sona li cunsiglia
viva 'o rre cu la Famiglia.

A lu muolo senza guerra
se tiraie l'albero n' terra
afferraino 'e giacubbine
'e facettero 'na mappina.
È fernuta l'uguaglianza
è fernuta la libertà
pe 'vuie so' dulure e panza
signò iateve a cuccà.
Sona sona
sona Carmagnola
sona li cunsiglia
viva 'o rre cu la Famiglia.

Passaie lu mese chiuvuso
lu ventuso e l'addiruso
a lu mese ca se mete
hanno avuto l'aglio arrete
Viva tata maccarone
ca rispetta la religgione
Giacubbine iate a mare
ch' v'abbrucia lu panare.
Sona sona
sona Carmagnola
sona li cunsiglia
viva o rre cu la Famiglia.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Crítica de concerto (VII)

Dia 11 / 2 / 011



Concerto de intercâmbio entre alunos de composição da ESMAE e da Universidade da Califórnia de Santa Barbara, nos Estados Unidos da América.

Este foi o segundo concerto da série Intercontinental. Realizou-se no Hard Club, no Porto, pelas 22horas (mas atrasado, como é costume).

Apresentação resultante da cadeira ministrada na ESMAE de Ensemble I&D, com direcção musical de Eugénio Amorim e Direcção Artística de Dimitris Andrikopolous.

Como primeira peça, surgiu "Echoes from the Holocaust" para oboé, viola e piano, de Joel Feigin.

A pianista, tecnicamente irrepreensível, estava completamente sozinha, parecia estar a gravar em estúdio. E a entrada da oboista foi péssima, tal como o entendimento ao longo da peça com o violetista. A partitura era horrível, "sofria de gaguez", atropelos, demasiados silêncios. Abruptos, este "ecos" pareciam fragmentos das esgares e cantares desse tormentoso período da História Europeia. Mas naquela sala e, ainda para mais, com falta de ambição por parte dos instrumentistas, nada feito.


Refiro-me à sala porque era penoso ter de ouvir o zumbido permanente proveniente do ar condicionado, do bar, das luzes. Estas, bem, houve cá cada queixa sobre o facto de nas pontas do palco não haver foco de luz suficiente para se ver as partituras!!!

Cada silêncio era uma oportunidade para desancar naquela maquinaria toda.


Gostei de "Golden Winter State" de Joann Cho. Finalmente ouvia algo sinteticamente apelativo. O Ensemble lá se deu razoavelmente. Pequenos mundos e fundos se vislumbraram.


A prima parte termina com uma excelente peça de Igor Silva "Clepsidra", para Ensemble e Electrónica.

Cascatas, mundos de fantasia, memórias pueris. Boa e enérgica direcção de Eugénio Amorim, embora com momentos de "puro terror": enquanto o Igor lidava com a electrónica, a orquestra atrasava e acelerava compassos inteiros!!! com o Igor a ficar sem chão.

Esta Clepsidra (relógio de água) teve várias faces e foi bastante aplaudida.


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Recomeço com "Canonzetta" de Chiareza Barlo.


Mas qu'ésta merda, pá?


Então apresentam uma peça tonal do mais fraquinho estética e harmonicamente, com um texto no programa a gozar connosco: "Nesta obra a preocupação intensa do compositor com a técnica dodecafónica manifestada nos dois anos anteriores da criação à Canonzetta, NÃO É PRESENTE." e ainda querem que leve isto a sério?
Não estou contra a produção da obra, mas sim a sua apresentação neste enquadramento. Então tocavam peças portuguesas contemporâneas do género bem melhores. Sé para escrever coisas irónicas, com humor subtil e satírico, então não se apresentem "La Palissadas". Para isto vou a um "bidonville" ouvir umas valsas.

A interpretação também foi de rir.

A violoncelista a fazer cá um frete, só queria matar a pianista com o olhar. Esta, coitada ou não, disfarçava o nervosismo e "toca" de correr ou atrasar conforme a disposição, tentando errar o menos possível. O violinista, esse, estava na boa. Têm desculpa?

Têm: a qualidade da peça era medíocre e ainda por cima, só tiveram 2 semanas para treinarem, tal como o restante programa.

Assim, não.


"Moment" de David Gordon.

Hummm, ok, passa à frente.



Estupenda peça de Diogo Carvalho: "Ondas de memória". Ensemble


Dividida em 2 partes, fez-me pensar imenso na Humanidade, seus problemas e reflectir na literatura de Vergílio Ferreira, cuja relação com o texto do programa era imediata: "(...) Às vezes, porém, paras numa, e é como se toda a vida se fixasse aí. E giras em torno, numa obsessão (...), em vez de te fixares realmente, quando menos julgas estás parado noutra folha, noutra janela, noutra paisagem." In Estrela Polar

Por fim "Homenagem a um Fugidio" de Carlos Brito Dias. Mesma formação

É com muita pena que não consigo ter uma opinião mais pensada sobre esta peça, já que me influenciou muito a 2ª parte da peça anterior, de tal forma que este era ideal para espelhar o sofrimento, desânimo e desespero de quem procura e perde um familiar e a do Carlos já não teve tanto impacto. Por isso, não quero ser injusto. Estão de Parabéns.

De realçar que houve instrumentistas mais "felizes" nas peças que receberam, influenciando a forma de os ouvir.


Pagar 2€ não é nada, mas...


Ah, e da próxima vez, não se esqueçam de escrever a data, o local (um logótipo não chega) e hora do concerto. Dá jeito.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Pequeno retábulo da minha pessoa (Crónica VII)

..., se a água fosse verde,
a relva azul,
meu destino por ti seria igual.
..., se teus olhos fossem vermelhos,
de côr rubi ou acastanhada,
minha casta seria igual.

Citação

"Por isso meu sangue corre
na seiva da Primavera.
Sou um homem que não morre
sou um povo que não espera."


Mas tua face é glacial,
é fogo perene, latente, lavado.
Tratar de ti não é fácil, é
simplesmente...
práctico;

o Ártico fica perto,
quero-te próxima,
a Menina que veio do Forte
encantar o menino do Sul.


Assim se pensou,
A Minina do Mar chegou,
o rapaz corou,
o amor aflorou,
a paixão queimou,
a lancidão afogou,
a palavra ressuscitou,
o casal nasceu.

Retalhos de um Professor de Piano ( III )

Quando um aluno, após múltiplas tentativas de lhe fornecer técnicas para poder tocar determinada passagem, não consegue fazer o que lhe pedimos, empurra-nos para a angústia, em que vemos o tempo passar e nada alcançar.
Decidimos parar, refrescar a memória, visual e auditiva, nossa e do aluno, deixamo-lo ouvir outros alunos.
Mas o tempo da aula termina, temos que ver outros aprendizes de um outro instrumento.

(...)

Voltamos à sala. O aluno em questão lá permanece.
"Rapaz, toca de novo aquela pssagem, da página x. Só tens uma oportunidade. Força!"
E eis que, por milagre, tudo bate certo, sem truques, sem ser "a acertar, ao calhas". A felicidade ressurge nos nossos olhares.

O trabalho tinha sido bem feito.
A recompensa virá.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Uomo si nasce e Brigante si muore



E mó cantammo `sta nova canzone
ca tutt`a gente se l`ha da impará
nun ce ne fotte d`un re borbone
la terra è nostra e nun s'ha da tuccá
Tutt´o paese la Basilicata
s'e cetato e mo vonn' luttá
pur' a Calabria mó s'ha arrevotata
e ò Piemontese vulimmo cacciá

Liberdade de Expressão

Repórter Flash - Mas, ao menos, não vislumbras, ao de leve que seja, a tão célebre e cantada liberdade de expressão? Claro, sempre de mão dada com a ausência da famigerada censura?...
C.A Dragão - Bem, liberdade, não direi tanto de expressão, mas de excreção é um facto. Uma avalanche, melhor dizendo. Por outro lado, se liberdade é sinónimo exclusivo de quantidade, então vai para aí uma liberdade de três em pipa. Mas se formos atentar na expressão enquanto valendo alguma coisa, enquanto qualidade alguma, nesse caso, que vantagem há? Se o que eu exprimo não vale nem conta para nada, a minha expressão é, no mínimo, inexpressiva - quer dizer, é uma não-expressão. Uma impressão se tanto. Portanto, quando muito, há liberdade de impressão, excepto nos jornais, rádios e órgãos mediáticos em geral, onde a coisa fia mais fino, e o critério editorial substitui o lápis azul. Entretanto, se a palavra é esvaziada de todo e qualquer valor, de toda e qualquer consequência, se é pura e simplesmente esterilizada, que fruto, interesse ou sentido poderá realizar a emissão da dita? O que acontece é uma inflação desmedida do discurso, donde resulta a bancarrota da opinião. Mais, pois, que o falar-barato, impera o verbo-falido - onde antigamente represava a escassez, devasta agora a saturação. O mesmo espírito que antes se lamentava da dieta forçada, sucumbe doravante ao empanturramento ininterrupto. Todos podem dizer tudo, uma vez que tudo nada vale, nada diz e nada significa. Quanto à famigerada censura, não desapareceu nem, tão pouco, diminuiu: transitou apenas da esfera política para a órbita económica. Sendo menos aparente, tornou-se, não obstante, mais insidiosa e ubíqua. Com sanções bem mais eficazes e vitalícias: teme-se mais hoje o desemprego do que ontem se receava a prisão. E isto não manifesta apenas uma superior pusilanimidade dos actuais. Revela sobretudo do carácter sádico da pena: afinal, o limbo sempre é mais degradante e solitário que o simples calabouço.
Repórter Flash - Portanto, se bem entendo, ó Dragão, todas essas hordas tenebrosas de fascistas, nazis e católicos ultramontanos que conspiram na sombra para acabar com esta maravilhosa democracia estão redondamente iludidos...
C.A Dragão - Essa é a retórica rançosa dos democratas recauchutados da loja dos trezentos, como um tal Pacheco Pereira e outros transexuais ideológicos da mesma estirpe: os perigos iminentes de algo que não há atacar algo que não existe. Por outras palavras, mera trampolinice do parasita - do intelectual lombriga - instalado no âmago da "soberania popular": entreter o hospedeiro, através da munição dispendiosa de pau e saco, e o serviço de guia por controlo remoto no sempiterno safari da caça aos gambozinos. Ou em síntese: Comam a sopa toda senão vem lá o papão!... Sopa de bacalhau, ainda por cima.

Crítica de concerto (VI)

Dia lindíssimo, calmo, céu resplandecente, refrescante atmosfera, cuidadoso modo de acordar para um sábado a esperançar.

Dia perfeito para se passear e ir...

à Opera!!!

Ora pois bem, isto seria tudo muito bonitinho se os intépretes - Músicos (das orquestra e os cantores) e o Maestro - os encenadores, estilistas, assistentes de sala, técnicos de luz, bengaleiros e demais funcionários fizessem o seu trabalho com a devida competência.
Os cantores desafinavam a torto e a direito, o maestro (coitado, ou não) atrasava o andamento da orquestra quando os cantores terminavam, languidamente, qualquer frase, para logo a seguir acelerar para a corrida dos 100 metros.
Eu já vos disse de que Opera estou a falar? Pois, o mais importante foi tão vilmente vilipendiado que nem queria manchar o nome do grande compositor que foi Wolfgang Amadeus Mozart, com a sua Opera Cosi Fan Tutti.
Os cantores, com essa mania de que fazer um vibrato em cada nota é demonstrar uma palermice que é cantar ao mesmo tempo 2 notas desfasadas por um intervalo de 3ª (porque é este o resultado das suas tentativas), conseguiam estragar o mais simples e belo fraseado. Essa mania ainda era mais deplorável conquanto o faziam com o acompanhamento "gago" do cravista. Então não é que nas partes de cantor(a) acompanhado por baixo continuo por cembalo (cravo), este tocava tão curto que os cantores não conseguiam seguir a harmonia logo, quando terminavam, a orquestra surgia como se noutra tonalidade, numa outra ópera. De tão curto que era a sua articulação que havia um silêncio, desfasamento temporal entre o seu som e o início do som da voz!!!
Mas claro, tinha que estar presente o "Must" dos concertos de audiência húngara: Aplausos esfusiantes por qualquer coisa que seja apresentada em palco. Adoram tudo, com aquela tradição de aplaudir todas as partes solísticas, por mais fracas que fossem. Enfim.
Mas quem é boa companhia está, de bom humor fica.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Grande Mubarak

in Combustões
Os homens revelam-se na adversidade. "Muitos inimigos, muita honra", como diziam no velho Lácio ou, glosando Larochejaquelin, herói da Vendeia, "Si j'avance, suivez-moi ; si je meurs, vengez-moi ; si je recule, tuez-moi". Os líderes são líderes porque sabem dar o exemplo. O Egipto revelou ontem ao mundo como o sim e o não de um só homem podem ser decisivos para a vida ou morte de uma nação. Só me apetece dizer: grande Mubarak !

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Imigração

In Dissidente.info

«(...) Os partidos políticos especializados na denúncia anti-imigração não são mais que partidos ideológicos pequeno-burgueses, que tentam capitalizar sobre os medos e as misérias do mundo actual praticando a política do bode expiatório. A experiência histórica mostrou-nos ao que conduzem tais tocadores de flauta! É necessário distinguir aqui a imigração dos imigrantes. A imigração é um fenómeno negativo, pois é ela própria fruto da miséria e da necessidade e os problemas sérios que coloca são bem conhecidos. É assim preciso tentar, se não suprimi-la, que o carácter demasiado rápido e maciço que a caracteriza hoje em dia seja o menor possível. É bem evidente que não resolveremos os problemas do Terceiro Mundo convidando as suas populações a vir em massa instalar-se nos países ocidentais! Ao mesmo tempo, temos que ter uma visão mais global dos problemas. Crer que é a imigração que atenta principalmente contra a identidade colectiva dos países de acolhimento é um erro. O que atenta contra as identidades colectivas é, em primeiro lugar, a forma de existência que prevalece hoje em dia nos países ocidentais e que ameaça estender-se progressivamente ao mundo inteiro. Os imigrantes não têm culpa que os europeus já não sejam capazes de dar ao mundo o exemplo de um modo de vida que lhes seja próprio! A imigração, deste ponto de vista, é uma consequência antes de ser uma causa: ela constitui um problema porque, face aos imigrantes que normalmente conservam as suas tradições, os ocidentais já decidiram renunciar às suas. A americanização do mundo, homogeneidade dos modos de produção e de consumo, o reino da mercadoria, a extensão do mercado planetário, a erosão sistemática das culturas pelo efeito da mundialização corroem a identidade dos povos muito mais que a imigração. (...)»

Alain de Benoist
in "C'est-à-dire", Les Amis d'Alain de Benoist (2006).

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Capado e tosquiado

Parece que há forte probabilidade de Khadafi imitar Franco, e ter um reizinho de estimação só para si.

Pequeno retábulo da minha pessoa (Crónica VI)

Tese:
este, este,
leste, oeste,

"mentira, gosto mais do norte"

catálogo de notas, pessoas que em desnorte
não notam sua tolice esmerada, na transposição da turbulenta competição

"olha olha...mas eu cá gosto do norte com subtileza...
acho mesmo bonita a palavra...aquele 'r' ...as imagens mentais..."

reposição da verdade, cultura do saber,
pleonasmos em espasmos

sete, Pest,

Adivinhas de criança
Prodígio de malícia
Ravel - velar - relva
Concerto - amar - brincar

Amora, Romã, Roma...Omar...

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Crítica de concerto (V)

3 - Fevereiro - 011
19:30
MuPa - Auditório Béla Bartók

Foi nesta sala em Budapest que ouvi a Orquestra Filarmónica de Los Angeles, dirigida pelo maestro Gustavo Dudamel, interpretar a 9ª Sinfonia de Gustav Mahler, cujo 100º aniversário da morte é celebrado este ano.
Maestro com muita energia, que bate com o pé, com grande estrondo e reverberação, sempre que o seu corpo precisa. Mexe-se de tal forma que o seu cabelo "é todo um universo de comandos para a orquestra"!
O início foi periclitante, com uma articulação demasiada curta, seca, como que a aquecer /com receio.
Depois, como que num só impulso, toda a orquestra é envolvida numa energia desbravadora, o que cria algo crispado, brusco, um choque com a parte anterior.
Pude constatar uma orquestra, ao longo da longa Sinfonia, sempre muito concentrada, com os instrumentos quase todos bem afinados (um ou outro timbale, num ou noutro momento onde afinar é deveras complicado, pois a orquestra está em êxtase).

Algumas pessoas saíram a meio, dentre elas nem o 2ºandamento chegaram a ouvir, não estariam a gostar, por certo. Esta percepção contrasta com o que soube dos concertos que deu na Gulbenkian, semanas antes, em Lisboa, com grande êxito. Mas sobre o êxito lá chegaremos.

Nas passagens entre a dinâmica forte e o decrescendo de tensão (e vice-versa), a direcção parecia precipitada, as passagens pouco interligadas; não sei se é da partitura - pois se já não me lembro muito bem dos apontamentos acerca desta Sinfonia que retirei das excelentes aulas que tive com um Professor que conseguiu a proeza de tirar o doutoramento acerca da Obra e Vida de Mahler entre Oxford, Cambridge e Harvard - mas havia momentos em que sentia:
Ehhh lá, já estou aqui, nesta imensa montanha sonora?
Mostrou as muitas brincadeiras, interrupções de temas, variedades tímbricas, sobreposição de importância naipes de forma muito cru, a nu. Faltou um pouco de humor mais fino, mais gentleman, um pouco da bonomia e sapiência de Bernstein.

Esta sinfonia tem partes tremendamente dramáticas, como na 6ª e outras partes mais folclóricas, populares, irónicas e divertidas, como a 4ª (2º andamento).
Tem, também, partes de pura música de câmara (só com os instrumentos de cordas), um solo de flauta transversal esplendidamente interpretado, com grandes linhas, óptima afinação e timbre, suaves ondulações. Delicioso.


Momento da noite : o Fim.
O Maestro consegue criar outra dimensão espacial e temporal, uma dissolução da música; ela desaparece por ela própria, chegando ao pianíssimo dos pianissíssimos.
Depois...
Bem, depois só restou o puro silêncio de uma audiência respeitadora da Grande Música, enquanto Dudamel se manteve em escuta, no recolhimento necessário depois da profusão de sons que inundaram a belíssima sala do MuPa.
Baixando
muito
lentamente
os braços,
como que mantendo a melodia e harmonia a soarem na cabeça dele
(e na nossa, se entrados no
espírito).
Um sentimento de unidade eterna em volta do inatingível - o Fim - a não realização total do material musical,
a desintegração
tudo foi deixado soar livremente.
Quando, passados bastantes minutos, o maestro acaba de baixar os braços, o público começa, timidamente, a bater palmas. O maestro ainda em transe, sai do palco sem olhar para o público.
Reentra, só olha para os seus músicos e manda levantar cada elemento de cada naipe de instrumentos, sopros, percussão etc e por fim os chefes de naipe de cordas. E todos de uma vez.
E só aí, num gesto de humildade perante a orquestra e a música e seu compositor, ele agradece no meio desta ao público, algo nada usual.
Volta, repete tudo, sai, volta, tudo se renova.
O público pede 1 extra - na véspera tinha tido 2, um deles uma dança húngara de Brahms - mas não lhe foi concedido nenhum. Aquele fim tinha de ficar imperturbável.
O público tem, por vezes, de aceitar só o programa definido; se este é interpretado com tamanha honestidade (embora com as devidas observações atrás mencionadas), nada mais há a acrescentar a este concerto. Depois desta obra nada mais se podia tocar ou ouvir.
Só por isto valeu a pena eu e as minhas amigas termos levado com 10 graus negativos na cara, o que chateia qualquer um.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

State and Society


10. Society has a composite character and must beware of two dangers: of becoming totally one with the State (as happened in the rather oppressive Greek polls); and of developing a conformist herd spirit destroying originality, hampering the development of the person, and thus creating a totalitarianism of its own through horizontal rather than vertical pressures. A healthy society is not a monolith but a natural organism of many layers with different functions, all necessary and indispensable, needing, respecting, and also loving each other, each with its own pride, its own characteristics, its own functions. This, however, does not imply a closed, but an open society, without a caste system and with free movement from layer to layer. Talent, achievement, dedication, personal discipline, character must be honored. Envy, group arrogance, resentment, lack of charity, are cancers in the body of a society, but the formation of elites in a constant process of crystallization (and elimination) ought to be encouraged. There is no healthy society without leadership, without guiding lights. And if these are of a negative order, the whole society will decay and collapse. Neither caste societies nor "classless" societies have been productive for any length of time.
It should, however, be remarked that Society no more than the State should ever become an absolute. Socialism, which inevitably results in statism, tries to make society absolute also. Nor should Society (in the sense of "human environment") be made into an alibi for moral faults. The fairy tale that man, by nature, is good and that only Society can make him wicked must be rejected. We are called upon to make our stand against all collectivist forces and powers, be they political, social, or economic.

11. The State is partly the result of Man's frailties and incompleteness. It cannot be dispensed with, but neither should it be deified and made an end in itself. Its job is to protect all persons against an overpowerful Society, against evil individuals or groups, and against the foreign enemy. It represents the bone structure of the nation; its legitimacy rests primarily on authority and, owing to the fallen nature of man, also on power. Within its domain there should be as much freedom as feasible, as much force as necessary.
All free nations are by definition "authoritarian" in their political as well as in their social and even in their family life. We obey out of love, out of respect (for the greater knowledge and wisdom of those to whom we owe obedience), or because we realize that obedience is in the interest of the Common Good, which, needless to say, includes our own interest. These motivations are not mutually exclusive. For the ruler, or for our parents, we might have love and respect; so also for our teachers. The manager might be respected rather than loved. To obey the traffic policeman "makes sense." There is only one alternative to authority (which is lodged in us and is therefore an interior power), and that is fear, which comes from the outside. We then conform merely because we fear brute force. Fear is the lifeblood of tyranny. A Society which lives by fear alone is an unnatural Society in an unnatural State. Yet, we must never forget that, owing to Man's fallen nature, the State has the right, even in a free country, to use fear and punishment --not as daily fare, but as a medicine, as a necessary sanction.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Pessoa e o Dragão

No Dragoscópio
Criar em Portugal o sentimento duma missão civilizadora! Esse deve ser o nosso ideal. O resto não importa. Que para chegar aí seja preciso varrer à metralha as ruas, calcar aos pés a felicidade e a liberdade do povo, arremessá-lo como um ariete de encontro às barreiras do nosso espírito – Que importa isso, se só assim, podemos deixar ficar Portugal no mundo depois de ele desaparecer?
Grande e difícil é a obra! Grande e difícil o varrer dos ideiais democráticos, humanitários e utilitários. Mas a grande obra anti-cristã (anti-cristã em tudo, anti-democrática, anti-católica, anti-monárquica) deve ser feita. Tristes de nós se faltarmos à missão divina que Aquele que nos pôs ao Ocidente da Europa e tais nos fez quais somos, nos impôs quando nos deu este nosso acesso e trancendido espírito aventureiro. Depois da conquista dos mares deve vir a conquista das almas. »
- Fernando Pessoa, “Páginas de Sociologia Política”

Imaginem que o maior poeta português era vivo e escrevia num blogue. Talvez se chamasse “Heteronimia”, “Heterografia”, ou coisa que o valesse. Imaginem que ele postava o texto em epígrafe. Calculem a gritaria, o alarido que se não levantava: Nazi! Nazi!! Estou em crer que a “esquerda lacoste” levantaria barricadas; a “esquerda pink”, lavraria protestos e apelaria ao índex. A direita quéque faria coro com e “esquerda pink”, clamando “nada de confusões, somos democratas”. O PR faria uma das suas redondas alocuções ao país. Em suma: chovia granizo, chuva zangada de todo o lado. Disparando em todas as direcções, o poeta da “Mensagem” tornava-se alvo de todas as partes.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Poema Antigo - Império de Consciência

As fragas nos montes, ao pé da minha serra,
escondem, segundo as lendas dos povos do vale
as sepulturas silenciosas de reis antigos,
que percorreram a terra quando esta era ainda jovem.

Estes reis de granito e musgo
mais não são que os atlantes perdidos,
Filhos do Prometeu Dador do Fogo
raça amada pelos deuses, educadores dos Homens.

Navegaram eles os domínios de Poseídon
e combateram ao lado dos Olímpicos
a fantástica Guerra dos Titãs
onde a Mãe Gaia viu os seus filhos despedaçarem-se

Derrotada a Raça Grande,
extenuado o úbere espírito conquistador,
entregaram-se ao Oceano,
onde se encerra a sua Prepotência.

Destes túmulos de pedra, de uma sabedoria perdida
nos dias dos primeiros reis da Terra,
está conservada a energia antiga dos Dias Primevos.
em que os Deuses falavam com os Homens de igual para igual.

nisto acreditava Torga, O Adormecido
e viu Pessoa, O Mensageiro,
pressagiou-o Bandarra, O Que Não Existiu, filho do Existente Vieira
quando expirou o sonho de Um Império de Consciência.

Post Scriptum:
Feliz o doce sacrifício do povo alvo e ardente
poupado ao esforço deste poeta agoniante.
Antes desaparecer de vontade, a ser forçado residente
da mesquinha prole de extinta raça Gigante.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Pequeno retábulo da minha pessoa (Crónica VI)

Vivo constrangido.
Repito.
Vivo constrangido pela memória, pelos afectos, pelo Amor, pela saudade.
Vivo constrangido pelas declarações de loucura, de doçura, de lisura.
Mas não vivo nem bem nem mal.
Adoro sem ser adorado.
Ganho a perder.
Fujo sentado.

(...)
Volta!
- Não posso.
Suplico-te.
- Deixa-me.
De luto eu estou.
- De luto eu estive.
A cama arrefeceu.
- A cama nunca aqueceu.
(...)

Neve,
brancura desleal,
pureza absoluta,
realeza carnal.

Se um dia ele te voltar a ver, a te cortejar, nesse dia ele te dirá:

Menti-te!!!
- Morreste-me...

A água continuará a passar debaixo da ponte, o rio desaguará na Capital, serão um, uno, feliz e eternamente juntos para nunca mais.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Confuso e Monárquico*

*texto meu, publicado no MLP
A Nova Monarquia por quem lutam, há tantos anos, os monárquicos como MCB é um nado-morto, um nada de glória vã. Acabará por ser uma instituição de cariz monárquico hereditário completamente vazia de conteúdo, procurando através de uma simbologia oca relacionar-se com algo que a suplanta mil vezes. A monarquia fantoche inglesa e espanhola e nórdicas parecem ser os modelos a seguir - é uma triste ilusão achar que se pode importar instituições que apenas se mantiveram devido à benevolência da história - é trocar má capa por mau capelo. Neste assunto importa absolutamente a doutrina de Chesterton - afirmar algo como "Tudo pela minha Mãe, mesmo que ela seja uma degenerada alcoólica" é escapar completamente à essência do problema. Reduzir o esforço dos integralistas a mero saudosismo é repudiar a obra de António Sardinha, que estudou a fundo o impacto sociológico das instituições demo-liberais na sociedade, e de Cabral Moncada, um jurista que, antes de ser um talentoso académico e pensador, concordou com o seu contemporâneo Erik von Kuehnelt - Leddihn quando estudava o impacto do partidarismo na sociedade e na protecção da liberdade.

A Nova-Monarquia das Reais Associações e Juventudes Monárquicas é uma velha oligarquia coroada, com tendências oclocráticas nas horas de reavivar a "legitimidade democrática" e entalar o Chefe de Estado na obrigatoriedade de acatar as ordens dos ministérios. No final de contas, a irresponsabilidade do rei tornou-o naquilo que era: uma mera ficção. Não foi a Carbonária a matar o Rei Dom Carlos e o Príncipe Real: a causa de morte destes dois desafortunados precede o seu próprio nascimento, e a arma que os matou era uma arma invisível, e não somente as carabinas do Buíça e do Costa: essa arma era a Carta Constitucional, e foi engatilhada pelo Imperador do Brasil.

It was a' for our Rightful King - By Robert Burns, Music by Jean Redpath

It was a' for our rightful king
That we left fair Scotland's strand;
It was a' for our rightful king
We e'er saw Irish land,
My dear,
We e'er saw Irish land.

Now a' is done that men can do,
And a' is done in vain!
My love, and native land, fareweel!
For I maun cross the main,
My dear,
For I maun cross the main.

He turn'd him right and round about,
Upon the Irish shore,
He gave his bridle-reins a shake,
With, Adieu for evermore,
My dear!
And adieu for evermore!

The soldier frae the war returns,
And the merchant frae the main.
But I hae parted frae my love,
Never to meet again,
My dear,
Never to meet again.

When day is gone and night is come,
And a' folk bound to sleep,
I think on him that's far awa
The lee-lang night, and weep,
My dear,
The lee-lang night, and weep.

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"(...) as leis não têm força contra os hábitos da nação; (...) só dos anos pode esperar-se o verdadeiro remédio, não se perdendo um instante em vigiar pela educação pública; porque, para mudar os costumes e os hábitos de uma nação, é necessário formar em certo modo uma nova geração, e inspirar-lhe novos princípios." - José Acúrsio das Neves