Inconsistências neste post (a negrito os argumentos expostos pela autora do texto aqui refutado):
"Foi o significado especial que o solstício de Inverno desde sempre assumiu que levou a igreja cristã a designá-lo como o aniversário do seu deus incarnado. Com esta medida não só aculturou festividades profundamente enraizadas como aculturou ciclos divinos já muito bem estabelecidos nas religiões que a antecederam na sua esfera de influência: o nascimento do deus no solstício de Inverno, a sua morte, na cruz em muitos casos*, e ressurreição no equinócio da Primavera.Os aniversários do Attis frísio, do Dionísio grego, do persa Mitra ou do Osíris egípcio, por exemplo, eram todos celebrados no solstício de Inverno, na sua maioria a 25 de Dezembro"
1- O Solstício de Inverno não é a causa única para todas as celebrações religiosas que existiram à face da Terra. Nem sequer se passaram todas no mês de Dezembro. Razões:
1.1 - O Calendário Latino tem peculiaridades que não estão presentes nos calendários de outras culturas religiosas. Uma dessas peculiaridades é existir um 25 de Dezembro.
1.2 - O Culto de Átis não tem semelhança alguma como de Jesus Cristo. Primeiro, porque o seu culto está ligado à fertilidade e ao auto-flagelamento (Átis cortou os seus genitais). Consultei 3 dicionários de Mitologia Greco-Romana e não encontrei uma única referência a um possível renascimento 3 dias após a morte. Onde quer a a Palmira tenha lido isso, é possível ser patranha.
1.3 - Não há data alguma que indique que Mithra ou Osiris nasceram no dia 25 - pelas mesmas razões que 1.1, e por falta de fontes que apontem tal facto.
2 - Sobre as tradições cristãs do Natal:
Tudo o que associamos ao Natal, prendas, festa, decorações, etc. remonta a esses antigos ritos pagãos e são património cultural de todos
2.1 - "prendas, festa, decorações, etc." não fazem parte da tradição cristã de Natal. Existe uma tradição religiosa e outra desenvolvida pelas comunidades, muitas vezes independente da religiosa, outras vezes com elementos claramente aproveitados da religião predominante, mas sempre um elemento à parte da celebração religiosa.
3 - Sobre Crucificações:
Os vários deuses Sol não são os únicos deuses encontrados crucificados em stauros sortidos, nem os únicos a ressuscitar após o sacrifício, Osiris e Hórus no Egipto, Krishna na Índia, Quetazlcoatl no México, Hesus dos druidas, Attis na Frígia, são apenas alguns exemplos.
Hórus não é crucificado, Osíris também não. O primeiro nunca morreu, o segundo foi desfeito em mil pedaços pelo irmão Set. Quanto a Quetzacoatl, nenhuma da simbologia atribuída a este Deus envolve uma cruz. Mais, a iconografia azteca possui martelos e foices, e ainda não se pensou que lá existissem comunistas. A existência de cores variadas nos túmulos egípcios também não é sintomático da existência de um movimento LGBT nas terras do Faraó. Krishna também não foi crucificado.
4 - Sobre o imperador Constantino:
O imperador Constantino, que viveu e morreu mitraista, promoveu vários elementos do seu culto pessoal ao Deus-Sol Mitra,
seria mais honesto, do ponto de vista académico, lembrar que a não-conversão de Constantino nos últimos dias ao Cristianismo é apenas uma opinião minoritária entre alguns académicos, visto a grande maioria de provas contemporâneas provarem-nos exactamente o contrário.
5- As diferenças do culto persa para o judaico-cristão:
O mitraismo, uma religião milenar elitista e iniciática, herdeira da riquissima tradição religiosa persa expressa no Avesta, com inúmeros rituais muito semelhantes aos depois adoptados pelos cristãos, nomeadamente a cerimónia da missa ou antes a Myazda mitraica,
estão provadas pela simples evidência que o culto judaico é a principal fonte para a liturgia cristã: pelo simples facto de os primeiros cristãos se terem convertido do judaísmo. O mitraísmo teve muito sucesso entre as castas militares de Roma, mas foi o cristianismo que conquistou as classes baixas das cidades e também as elites governativas do Império. O excesso de importância atribuido ao culto de Mitra é compreensível, no entanto, devido ao facto de mais provas arqueológicas nos terem ficado dos campos militares romanos do que dos palácios e cidades.
5.1 - A designação de "Pai" para um líder de uma comunidade religiosa:
o Pater ou Papa, era muito popular entre os soldados romanos, como assinala o historiador romano Quintius Rufus no seu livro «História de Alexandre».
não é propriedade dos persas. É muito, mas mesmo muito alargado. Além de que Papa é uma designação que só muito mais tarde se veio a aplicar ao Bispo de Roma, muito depois do fim de qualquer vestígio de culto de Mitra na Europa Ocidental.