Em qualquer uma das modernas línguas ocidentais a palavra Verdade (Truth, Warheit, Pravda, Verité, Verdad) carrega um significado etimológico que joga simultaneamente com o mundo do facto e com o do valor. A Verdade é, assim, em simultâneo, juízo de valor e afirmação do facto. A verdade exige uma valorização absoluta (como aquela que fez Marx quando considerou a luta de classes como o principal motor da mudança histórica) tanto para os factos sem valor como para os juízos de valor. Ora a subjectividade é uma característica preponderante para a definição da investigação histórica. A Verdade Histórica tem, por tal, de se situar numa posição intermediária entre estes dois pontos, uma vez que o seu absoluto é, nos dizeres de Butterfield, a mudança. Este mesmo factor impede-a de ter "leis" capazes de fazer previsões futuristas, próprias de uma ciência como a económica (pelo menos é assim que actuam certos economistas), mas tem uma contextualização que permite analisar tendências, permitem pressentimentos, descobrir padrões (apesar de estes nunca serem gerais) e mecanismos de mudança histórica em geral.
Ainda em relação a este tema, faço minhas as palavras de A. von Martin, quando este define , na sua "The Sociology of the Renaissance", a História como um composto entre um elemento positivo e absoluto - a mudança; e outro elemento subjectivo e relativo - a inércia. Deste modo podemos dizer, com o filósofo colombiano Nicolás Gomez Dávila, que a "Verdade está na História, mas a História não é a Verdade". A História é necessariamente Objectiva quando se limita a reconstruir a consciência que um determinado passado teve de si mesmo. É o historiador, com a sua subjectividade, com as suas causas e as suas estruturas que a transforma, na ânsia de transcender a impressão empírica de uma consciência alheia, em mera projecção da sua própria consciência.