Em consequência dos acontecimentos que me obrigaram a deixar os meus domínios de Portugal e a abandonar interinamente o exercício da minha autoridade, a honra e a dignidade da minha pessoa, os interesses dos meus fiéis vassalos, e, finalmente, todos os motivos de justiça e decoro me obrigam a protestar, como protesto à face de toda a Europa relativamente a todos os acontecimentos acima mencionados e contra qualquer inovação que o governo de Lisboa tenha introduzido ou haja de introduzir às leis fundamentais da monarquia.Deve concluir-se do que fica dito que a minha aquiescência a todas as estipulações que me foram impostas pelas forças preponderantes, confiadas aos generais dos governos actualmente existentes em Lisboa e Madrid, de acordo com duas grandes potências, foi da minha parte um mero acto provisório, dirigido a salvar os meus vassalos de Portugal de grandes desgraças que a minha justa resistência não lhes teria poupado, sendo, como fui, surpreendido por um ataque imprevisto e ilegal de uma potência amiga e aliada. Por todos estes motivos, tenho firmemente resolvido, logo que esteja no meu poder (como convém à minha honra e obrigação), fazer conhecer a todas as potências da Europa a injustiça da agressão dirigida contra os meus direitos e pessoa, e protestar e declarar, como protesto e declaro agora, que estou em liberdade, contra a capitulação de 26 de Maio passado que me foi proposta pelo governo de Lisboa; acto que assinei para prevenir maiores desgraças e poupar o sangue dos meus fiéis vassalos. Esta capitulação, portanto, deve ser considerada nula e sem efeito.
Porto de Génova, 20 de Junho de 1834 - D. Miguel de Bragança