quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Entre a Revolução e a Tradição - uma herança, um contributo, para um pensamento político português

«Anti-comercial queria dizer, para aquele agente consular britânico (Hoppner), que o Portugal tradicionalista entendia ser selfsufficing, isto é, prover às suas necessidades com a sua própria produção agrícola e industrial, o que era o meio mais seguro de consagrar sua independência política zelando sua independência económica.
Não havia, segundo Hoppner, ninguém mais nativista do que o próprio Rei (D. Miguel), que ele compara com Marat e Robespierre e cujo ideal seria "obrigar os ingleses actualmente estabelecidos em Portugal a deixarem o país", suspendendo para este efeito as relações comerciais entre as duas nações, como o "exigiam os compromissos que o ligam a Espanha". Unidas com tal intuito, as duas potências estabeleceriam nesta parte da Europa um verdadeiro bloqueio continental. Era uma vez o comércio inglês com a Península Ibérica se D. Miguel triunfasse, mesmo reconhecido pela Grã-Bretanha, o que julgaria haver sido uma deferência à Espanha.»
Oliveira Lima, D. Miguel No Trono (1828-1833). Coimbra: Imprensa da Universidade, 1933,pág. 177-178

domingo, 22 de novembro de 2015

Lei da Abdução

A recente vitória LGBT no parlamento português foi uma grande vitória para a geração Tumblr lusa e para a decadente burguesia endinheirada do portugalório.
Relembrando as palavras de Alain Soral, a sodomia não é uma característica nem social nem política - ou seja, não define qualquer tipo de causa ou activismo. Logo, não se desenganem - o "gay" citadino e com dinheiro que vai ao Miguel Bombarda fazer compras continuará a ser um óptimo exemplo de como se pode educar um puto e aparecer nas festas do Gays'r'us, enquanto que o pobre paneleirote da esquina continuará a ser o tarado do sítio.
It's all about the money. E porquê?
Em Abril de 2011, segundo dados do DN, existiam no mês de Abril desse ano 1.879 candidaturas de casais e 385 individuais. No mesmo mês, em condições de serem adoptados estavam apenas 532 menores.
Em Dezembro de 2014, segundo um artigo do Público, havia um total de 1805 candidatos em lista de espera para adoptar e 429 crianças em situação de adoptabilidade - ou seja, o número de candidatos era quatro vezes superior ao número de crianças que podiam ser adoptadas.
Ninguém está a fazer legislação social pelas crianças. Estão a fazê-la para um pequeníssimo grupo de homossexuais com dinheiro suficiente para passar à frente das listas de espera e negar às crianças o direito a um modelo de maternidade e de paternidade. Modelo esse a que muitos dos "activistas" tiveram direito e agora querem ver recusado a outros.
Nós, o que somos aparentemente movidos "pelo ódio e pelo preconceito", não nos podem acusar de sermos movidos pela cobiça, pelo capricho, pelo egoísmo. Muito menos pela ignorância e ingenuidade de quem assiste indiferente à degradação da nossa cultura.

sábado, 21 de novembro de 2015

Uma vitória para a cultura


O Pasolini que Brunello Natale De Cusatis nos apresentou não foi um Pasolini "aos bocadinhos". Não foi um Pasolini para inspirar uma certa seita ideológica, para acalmar os espíritos hesitantes de algumas almas asmáticas. Foi um Pasolini repleto dos seus anjos e dos seus demónios, um marco autêntico da cultura europeia do século XX. Um homem avassalado pelos seus ideais de pureza e devassidão, pelo pecado, pela luxúria, pelo sofrimento dos seus apetites, um homem que se viu afastado pelos amigos e pelos camaradas devido às tendências das suas paixões. Um Pasolini marxista, mas independente, apaixonado pela América jovem e irreverente, um Pasolini que desprezava a Europa homologada, homogeneizada, onde o igualitarismo reduziu pela rama mais baixa o nível das mentalidades e das políticas. Um Pasolini em conflito com o sexo feminino e com a maternidade, mas apaixonado pela figura de Maria Callas e pela palavra de Oriana Fallaci. Um Pasolini contrário à cultura do "Ter, Possuir, Destruir", que via no aborto um homicídio legalizado fruto dessa cultura de consumismo e desumanização.
Sim, desumanização. Pasolini foi uma dessas grandes mentes que viu no ar a aproximação desse Mundo apocalíptico, cuja Europa de Bruxelas é a imagem simbólica e real, onde não existem Seres Humanos na Humanidade.

Mais uma vez, o Café Odisseia assume a sua posição na Vanguarda, sem fronteiras, sem respeitinhos mundanos, pura Acção para pura Palavra. Encheu-se uma sala para uma conferência numa faculdade portuguesa - cinquenta pessoas. Feito raro para um grupo que não goza do apoio de docentes nem de grandes máquinas institucionais de divulgação.
Tudo isto porque o Café Odisseia é um ideal indomável, inspirado pela bravura e pela sinceridade mais pura.
Obrigado a todos os que marcaram presença.



sexta-feira, 20 de novembro de 2015

O Choque bem-educadinho

A minoria de católicos que ainda se interessa "por temáticas em geral" acordou muito abismada.
O pânico foi geral, mas sempre muito controladinho, para não causar choque ou escândalo.
Era ver o cacarejar das colegiais: os bispos reuniram com os juristas católicos e lá pariram mais um lembrete, que todos estamos à espera de ignorar, perorando a legislação sobre aborto e adopção homossexual.
Amanhã vai ficar este grupo de gente nervosa muito impressionada com o facto de, num país onde 80% da população se diz apostólica e romana, ninguém querer saber da sua epifania moral.
Estou aflito por presenciar as lágrimas. 
Não se preocuparam quando o vendilhame político mandou ao ar a soberania, a indústria, a agricultura, a cultura. Que o estado se tornasse sorvedouro de receita e poleiro de interesses, nem lhes tirou o sono. E agora aparecem muito aflitas, porque o país não bate a bota com a perdigota. Resignem-se senhoras e senhoras, já perderam o país há mais de 60 anos. Pelo andar da carruagem, ainda perdem a nacionalidade.

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

O amor, a morte e o tempo.

Il est malaisé de parler de l'amour car c'est parler de soi. L'amour varie avec les gens e suivant l'âge; nous lui attribuons les particularités mêmes de notre nature. Si j'en crois ce que j'ai lu je ne suis pas un amoureux. Assez rassis et bien portant, il m'arrive de rester seul à Paris, occupé de ce qui m'amuse, et d'oublier Claire. Je n'ai jamais  de fièvre, d'impatience aiguë, quand je vais la revoir. Je n'ai pas de doute sur elle, ni sur nos sentiments; je ne suis pas tourmenté, jaloux, querelleur, et je ne me sens pas incompris. Je souffre seulement de voir que le temps va détruire celle que j'aime si bien.

Jacques Chardonne, Claire. Paris: Rombaldi, 1975, pp. 48-49.

gravura: Almada Negreiros, A Sesta. 1939.

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

A esquerda, a pornografia e o capitalismo

Se há prova acabada que a Esquerda se apaixonou pelo Capital mais desumano e mais consumista é esta segunda edição do Fórum do Futuro que vai infestar o Porto. Isto já era óbvio - quem não viu a Coca-Cola e outras grandes multinacionais a defender e a propagandear o casamento homossexual?
Mas agora temos o argumento final, vendo as burguesinhas do bloco de esquerda às voltas com umas conferências que, além do conceito monstruoso de "brand love" (o amor às marcas comerciais, pelos deuses!), vão pôr uma "actriz pornográfica" a falar sobre arte.
Jean-Luc Godard, no seu "Masculin Féminin", pôs o brilhante Jean-Pierre Leaud a escrever na porta de um cubículo numa casa de banho onde dois homossexuais se beijavam "A bas la république des lâches". Abaixo a República dos Cobardes. Um golpe de génio que hoje em dia custaria a carreira do realizador, afogada em acusações de homofobia.
Também no Porto precisamos de um Jean-Pierre que rabisque, nas portas da conferência onde Sasha Grey vai palrar sobre “O Prazer na Arte”, ABAIXO A REPÚBLICA DAS PROSTITUTAS.

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"(...) as leis não têm força contra os hábitos da nação; (...) só dos anos pode esperar-se o verdadeiro remédio, não se perdendo um instante em vigiar pela educação pública; porque, para mudar os costumes e os hábitos de uma nação, é necessário formar em certo modo uma nova geração, e inspirar-lhe novos princípios." - José Acúrsio das Neves