Com todo o respeito pela sapiência de António José de Brito, cujo pensamento só aproveitou a uma Direita portuguesa paupérrima do ponto de vista teórico/filosófico, num século XX pouco inspirador e onde o pensamento conservador português foi preguiçoso e pouco inovador, atrevo-me a lançar algumas dúvidas e aproveitar para fazer algumas reflexões em torno do excerto daqui retirado:
1- Há uma tradição de pensadores como José Acúrsio das Neves, marquês de Penalva, José Agostinho de Macedo, Gama e Castro, que nada deve aos Integralistas e à escola de Alfredo Pimenta. Se tal como De Maistre, Bonald, e outros fundadores do pensamento conservador europeu, são considerados os ascendentes directos de Maurras e dos autores-proto-fascistas, o mesmo acontece em relação aos autores de cá, o que é que não ganharia a direita portuguesa em entroncar o seu pensamento nos originais contra-revolucionários em vez de se perder nas suas perversões?
2- Os autores contra-revolucionários portugueses em nada se opõem à política de liberalismo económico que o Antigo Regime vinha a encetar nos últimos decénios do século XVIII, imprimindo uma maior prosperidade ao nosso sector industrial e mercantil, agilizando as relações económicas combatendo a excessiva corporativização da sociedade. Estarão os contra-revolucionários tão presos ao ideal corporativista como os fascistas? Na minha opinião, a visão económica dos nossos contra-revolucionários, especialmente José Acúrsio das Neves, pauta-se mais por uma questão de eficiência do que uma questão de engenharia social. Nestes é decididamente defendida a necessidade da propriedade privada, de um regime de livre-iniciativa que paute as relações comerciais, e da condição do estado como árbitro superior.