O Estado social, ou o conhecido "welfare state", foi constituído com o objectivo de unificar a população "alemã" nos idos tempos de 1836 - 1870.
Ora, o que muitos desses manifestantes desocupados que apenas sabem gritar por "direitos adquiridos" deviam procurar captar, nos seu amplo tempo livre e de deleite intelectual é que quando o sistema foi pensado, o mundo era "ligeiramente" diferente.
Ora façamos uma breve resenha histórica:
Otto von Bismark, na altura Chanceler do que é hoje a Alemanha moderna, procurava ganhar o suporte da indústria alemã para as suas reformas conservadoras. Bismark procurava o suporte da industria alemã acima de tudo porque precisava do suporte da classe trabalhadora da altura. Ora o grande problema social que na altura afectava a Alemanha era a emigração de milhares de nacionais para os Estados Unidos, já que nesse país os salários eram maiores.
Desta forma, Bismark resolveu iniciar os chamados "programas partenalistas" no começo de 1840 na Prussia e na Saxonia, de forma a contrabalançar os salários mais baixos europeus, com as pensões de velhice, seguros de acidente, cuidados médicos e de desemprego, dado que esses programas não existiam nos Estados Unidos.
Isto é, Bismark de uma forma engenhosa tornou a Alemanha mais atraente aos trabalhadores sem aumentar os salários, i.e. com a promessa de cuidar dos seus no futuro ou em caso de azar.
Claro que estas políticas tiveram um reverso. Para garantir o sistema, Bismark adoptou um sistema de tarifas aduaneiras bastante agressivo, de forma a proteger os lucros e os salários da concorrência americana, o que garantia um sistema mais ou menos isolado e capaz de gerar receitas adicionais.
Com base nesta breve e incompleta resenha, temos de lembrar aos nossos "queridos" manifestantes, que desde 1840, as coisas mudaram um bocado:
- Não existem tarifas aduaneiras relevantes hoje em dia;
- Hoje em dia com a globalização, os salários, os lucros da empresas mudam de país para país com grande facilidade, seja por motivos fiscais, sejam operacionais;
- A economia moderna é baseada em bens intangíveis, que são muito difíceis de controlar e de tributar;
Ora, se queremos um Estado social, é muito fácil:
- Sair da União Europeia - acabou-se as viagens fáceis para Barcelona no fim-de-semana e as idas regulares para a Holanda fumar umas cenas para a malta do B.E.;
- Impor tarifas aduaneiras que seguem à 50% do valor de muitos bens de luxo - Queres um telemóvel novo? Bem meu caro, reza que haja alguma empresa de latas e cordeis em Portugal, que o IVA vai ser o teu menor problema.
- Melhor aprenderes a plantar as verduras...que sem benefícios fiscais e fora da Europa 90% das indústrias em Portugal vão fechar! Mas pelo menos vamos ter verduras fresquinhas (quando o tempo ajudar...quando não...vamos todos fazer dietas);
- Já quanto aos serviços, acho mesmo que temos todos de ir estudar para Segurança Social...vai haver uma forte procura nesse sector! Esquece gestão, economia ou direito, a horta não precisa de tal. Já medicina, cheira-me que sem medicamentos baratos do livre comercio e sem equipamento vai ser mais preciso de padres que de médicos.
Mas vejamos, isto tudo é supérfluo, teremos um subsídio de emprego, de doença não vai haver, porque será o estado normal das pessoas, logo haverá um subsídio de saúde que é auferido durante os dias do ano que estejamos saudáveis. E por fim, pensão de velhice....essa não será necessária!
Lá teremos o nosso belo Estado Social, extremamente sustentável! Basta para isso negar os avanços modernos do livre comércio e sermos pobres!