quarta-feira, 17 de novembro de 2010

O Osso da Dilma - crónicas de um lançamento trans-atlântico

Causou-me severa repugnância este comunicado que o Nuno Castelo-Branco fez o favor de nos transmitir. Para que fique estabelecido, não foi o Nuno CB que me causou repugnância - se bem que o tom do seu post assustou-me um pouco - mas sim o comunicado do PT e a resposta do Duque de Bragança.
Quando manifestei esse sentimento, o Nuno CB comentou, e muito bem:
Uma coisa é o Estado, outra será a simpatia pessoal ou a preferência partidária. OU deverá Portugal, apenas ter relações com um determinado tipo de países e de dirigentes?
Já sei que discordo do Nuno CB em matérias políticas e estruturais para a fundação de uma nova monarquia em Portugal. Não será grande desafio, portanto, discordar agora numa matéria de política internacional que me parece, antes de tudo, uma matéria de espinha dorsal.

Desejar a Monarquia apenas pelo estatuto da Monarquia é como Desejar a Igreja Católica mesmo que esta siga a doutrina da IURD, ou gritar a plenos pulmões "Tudo pelo meu Pai, mesmo que ele seja um bêbado!" ou "Tudo pela minha Mãe, mesmo que ela seja uma vadia!".
O Rei, a ser a mera personificação de um símbolo vazio, um funcionário público hereditário que desempenha funções formais, como a de ser um sub-secretário do Ministérios dos Negócios Estrangeiros com faculdades representativas, pode continuar perfeitamente engavetado nos Paços de Vila Viçosa. De representantes inúteis já eu tenho a minha conta, muito obrigado, cedida a cada quatro anos pela Augusta máquina da oclocracia instituída.

O Rei tem de ser rex, a regra. Ou pode voltar a embarcar para Gibraltar, e de lá para a Conchichina. Isso não quer dizer que deve, a todo o custo, qual Messias autocrata, impor a Boa Nova de mensagens tão sublimes e simples como esta: A todo o custo, afastarmo-nos da Dilma "Rousseau" Rousseff, porque ela é uma criminosa política e uma atentado às liberdades civis dos brasileiros. Mas de facto, o que se quer é um monarca cristão (como se considerou Dom Duarte) e uma Casa Real importada em demonstrar que segue uma política externa conduzida não apenas pela movimentação das ondas de Wall Street, mas antes por uma política de valores construtiva.

O que é bom nisto da Monarquia é permitir-nos pensar para daqui a 200 anos, e se ocorrerem imprevistos, não ficarmos com as calças na mão. Como é que ficará vista a Casa Real Portuguesa, no seio das outras casas reais católicas, e no seio dos seus principais apoiantes (tanto os presentes como os já passados) quando o Governo de Dilma afectar a liberdade económica dos brasileiros, já tão carregados com estado a crescer descontroladamente desde o tempo de Lula?
E o que será feito do prestígio da Causa Monárquica quando o aborto livre for reforçado na legislação brasileira? Ou o casamento homossexual, que Dom Duarte tão fortemente criticou?

Vamos mesmo querer gritar: "Tudo pela Monarquia, mesmo que a da Dilma?" Estamos assim tão necessitados de um osso brasileiro, atirado pelo PT? Já ninguém sabe reconhecer mau marketing? Não haverá uma razão pela qual Dilma comparou os Bragança de cá aos de lá? Ou acham que isto foi apenas uma jogada de consideração solidária? Desde quando a esquerda, na sua intrínseca mediocridade política, alguma vez atirou um osso à monarquia que não tivesse a intenção de lhe atiçar todos os cães raivosos do canil?
Não será mais importante a relação entre as duas Casas de Bragança que o Osso da Dilma? Uma criminosa e terrorista apoiada por toda a escumalha LGBT e Pró-Aborto do Brasil?

Mas andam os conselheiros da Casa Real todos na porca da Maçonaria? É tudo marca-burro PSD? É a Monarquia Portuguesa uma comitiva de "passou-bens" que cumprimenta todo e qualquer regime? Ó Dilma, porqué no te callas? (Não será melhor voltar aos reis espanhóis?)

O Rei Leopoldo abdicou o trono para não promulgar a lei do Aborto. O Duque e a sua entourage andam de mãos dadas com uma Presidência brasileira que até agora só conseguiu unir os conservadores, tradicionalistas e católicos brasileiros contra os "progressistas". E isto parece ser coisa boa para alguns.

O problema dos monárquicos é pensar que o contrário de Monarquia é República. Também é possível uma Não-Monarquia. E é para ela que se caminha.

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"(...) as leis não têm força contra os hábitos da nação; (...) só dos anos pode esperar-se o verdadeiro remédio, não se perdendo um instante em vigiar pela educação pública; porque, para mudar os costumes e os hábitos de uma nação, é necessário formar em certo modo uma nova geração, e inspirar-lhe novos princípios." - José Acúrsio das Neves