À la Alexandre O'Neill
Ahhh, como eu adoro queijo, um bom queijo português.
Os queijos de cabra não me fascinam muito, não me prendem a atenção, derretem-se a qualquer pão.
Já um queijo senhorial, com fortaleza, castelos, difícil de assimilar, de cheirar, é um mundo de descobertas na boca.
Mas um pão de queijo saído da embaixada do Brazil em Budapest, hummm, milagre do paladar.
É xôxo? Pode ser.
É brega? Não (te) digo que não.
Mas ele olha para mim, eu olho prá ócê, é amor à primeira trinca.
Existirá algum queijo dito "O Melhor do Mundo", aquele que dure mais por mais que a gente o saboreie?
Ou todo e qualquer queijo varia na sua intensidade consoante o vinho que o faça circular, que bombeie essa emoção?
Luxúria sempre aconteceu, casamento também.
Mas o queijo, ai o queijo...
É vibrante ver o queijo e pão juntos, mesmo que só vejamos as pontas.
O coração palpita, estala.
O flamengo namora com a raclete, o requeijão ama o limiano.
O queijo fatia, o pão critica.
O pão, esse, quer-se forte, expectante ou metediço, repleto de sementes de vida.
Quem faz um pão fá-lo por gosto.
Mas quem um come, pode nada mais ter.
Há pão que já leva nome de beijo, há pão que mais nomes que um cortejo.
Há estaladiços, outros quebradiços.
Há quem goste de pôr o pão todo no mesmo saco, misturando broa com bijou ou pão de mistura com regueifa. Cada um faz como mais lhe aprouver, não interessa se está tudo ao molhe e que possamos ter surpresas.
O que interessa é como comemos, se só ou com recheio, saído do forno ou prensado, com ou sem queijo, barrado ou molhado.
Gostos não se discutem.
Tolerância sim.
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