domingo, 1 de maio de 2011

Crítica de concerto (X)

25 de Abril

Ursula Oppens

Casa da Música


Concerto de abertura do "Festival Música e Revolução" com as

36 Variações sobre o tema de "O povo, unido, jamais será vencido",

a portentosa obra para piano dum revolucionário americano, Frederic Rzewsky.


Obra de aproximadamente 50 minutos, pois a seguir a todas as variações temos indicação do compositor para podermos improvisar, antes de fazermos uma reprise do Tema.


Interpretada pela pianista Ursula Oppens, esta obra tem partes de difícil absorção, tem variações muitíssimas experimentalistas, outros momentos de lirismo inesgotável, variantes de virtuosismo quase impossíveis. Adoro, mas não adorei. Mas foi um momento para ver ao vivo uma pianista que não conhecia com uma técnica e sensibilidades extraordinárias, sendo esta a opinião de outras pessoas que assim a ouviram.


Sendo-lhe dedicada e estreada a 7 de Fevereiro de 1975, foi interpretada com partitura mas com total desprendimento por ela. Mesmo com momentos muito curtos de andar à nora (à procura do acorde certo para passagens na mão esquerda, o que distrai um pouco o ouvinte, que fica à espera do que vem a seguir), por cada dia que passa e ouvindo e lendo mais sobre a peça e suas implicações sociais, mais facilmente se entende a performance e se pode apreciar toda a obra.


Como exemplos, aqui ficam algumas ligações da melodia que deu o tema as estas variações.





Foi pena que não tenham aparecido muitas pessoas a ver. Deu para notar o sol pôr-se por detrás da estátua Monumento aos Heróis da Guerra Peninsular na Avenida da Boavista, sentir o calor sair da terra à saída do concerto, conversar com quem sabe e com quem nada sabe, ver outras pessoas.


Porque a Revolução possibilitou isto tudo. Será Liberdade? Talvez não, talvez alguma censura que não a económica aqui não se notasse, mas festejar a Revolução com boa música é bom e não é a ouvir discuros inócuos que se aprende alguma coisa sobre nós próprios.

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"(...) as leis não têm força contra os hábitos da nação; (...) só dos anos pode esperar-se o verdadeiro remédio, não se perdendo um instante em vigiar pela educação pública; porque, para mudar os costumes e os hábitos de uma nação, é necessário formar em certo modo uma nova geração, e inspirar-lhe novos princípios." - José Acúrsio das Neves