Tenho visto com prazer este novo programa de António Victorino d'Almeida.
Considero-o com bom ritmo, com linguagem e lembranças sui generis, um pouco escandalosas ou sem interesse nenhum caso estejamos à espera de um programa só informativo e só sobre música. Mas quem leu alguns livros dele no domínio da música já saberá com o que conta. São histórias dentro da História da Música (algo que no episódio transmitido hoje - ou visualizado sempre que queiram - por exemplo, é liminarmente repudiado por parte do Compositor, que pensa que nunca existiu uma grande e razoável História num domínio tão subjectivo como uma arte de apresentação sempre efémera).
Aparte:
Referi que sempre que queiram poderão visualizar o programa, mas quando teremos a colectânea completa de todos os programas realizados e apresentados pelo Pianista? Nem que fossem só aqueles a preto e branco, de Viena, na RTP. De estilo bastante diferente do de Leonard Bernstein, com os seus "Concertos para Jovens", são no entanto de nível apreciável para quem quer conhecer mais sobre Música e suas histórias, misturadas com a História da Humanidade, maioritariamente do Velho Continente.
Aos que agora tomam conhecimento deste Comunicador, irão encontrar um programa com boa pós-produção, passagens em que começa uma frase ou uma ideia em Portugal e termina-a em Viena e vice-versa, momentos hilariantes, diálogos muito particulares entre o maestro e ele mesmo mas nas séries da RTP ainda a preto e branco (atrás referidas).
Maestro ou maestro? António Victorino D'Almeida não se considera "Maestro", reportando-se a pouquíssimos momentos em que dirigiu uma orquestra no pós-25 de Abril e que a partir daí, também por ter criado uma Sinfonia que seria baptizada de "Benfica" e de nos seus programas anteriores pouco tocar ao piano, ser conotado com essa "figura" de maestro. E ele assim gostará um pouco de ser chamado, mas sempre com alguma estranheza e relutância.
A escolha da música para cada episódio é muito bem feita, com alguns temas como Leimotiv, sem música de fundo a todo o instante, o que nalguns programas do género torna-se maçador.
Boa ideia foi seleccionar um espaço e tempo específicos para a divulgação dos seus livros e gravações da sua obra.
Quer gostemos ou não, é um Músico que trabalha com qualidade e que não precisou de dar aulas ou de ter cargos "importantes" ou de ser doutorado para ser "gente". Mesmo que por isso tenha sofrido muitos dissabores.
Vale a pena ver. É uma maneira pouco convencional de conhecer a Grande Música Erudita Ocidental.
Ah, e os Simpsons dão logo a seguir, na RTP2.