quinta-feira, 21 de junho de 2012




Marcher des heures à travers la forêt
Respirer par le nez, se retourner jamais
Mettre un pied devant l'autre pour trouver le repos
Poser les balises d'un monde nouveau
À la tombée du jour, atteindre la clairière
Ermite volontaire évadé de l'enfer
Faire une prière et faire un feu de bois
Boire à la rivière pour la première fois
Déplier la toile pour s'en faire un abri
Briser le silence en poussant un grand cri
Crier à tue-tête pour entendre l'écho
Et compter les étoiles couché sur le dos
Baigné dans la lumière d'une aurore boréale
Réaliser que la beauté est sidérale
Ralentir le rythme de la course folle
Folâtrer un instant sans but, sans boussole
Sentir le vent caresser son visage
Ajuster sa mire, se fondre au paysage
Ajouter des secondes au film de sa vie
Vidanger son cerveau, tomber endormi
Plonger dans le lac du pays de Morphée
Féconder la terre où germent les idées
Débusquer dans le bois le grand caribou
Boucaner dans la pipe du bon Manitou
Chanter avec le lièvre, le renard et le loup
Louvoyer vers la cache du carcajou
Jouer de la vielle avec un farfadet
Descendre dans la grotte avec les feux follets
Laisser la poésie décider de son sort
Sortir au matin et accepter la mort
Mordre dans la vie sans penser à demain
Maintenir le cap tout droit vers son destin

Heresia

"YOU hold that your heretics and sceptics have helped the world forward and handed on a lamp of progress. I deny it. Nothing is plainer from real history than that each of your heretics invented a complete cosmos of his own which the next heretic smashed entirely to pieces. Who knows now exactly what Nestorius taught? Who cares? There are only two things that we know for certain about it. The first is that Nestorius, as a heretic, taught something quite opposite to the teaching of Arius, the heretic who came before him, and something quite useless to James Turnbull, the heretic who comes after. I defy you to go back to the Freethinkers of the past and find any habitation for yourself at all. I defy you to read Godwin or Shelley, or the deists of the eighteenth century, or the nature-worshipping humanists of the Renaissance, without discovering that you differ from them twice as much as you differ from the Pope. You are a nineteenth-century sceptic, and you are always telling me that I ignore the cruelty of Nature. If you had been an eighteenth-century sceptic you would have told me that I ignore the kindness and benevolence of Nature. You are an Atheist, and you praise the deists of the eighteenth century. Read them instead of praising them, and you will find that their whole universe stands or falls with the deity. You are a Materialist, and you think Bruno a scientific hero. See what he said, and you will think him an insane mystic. No; the great Freethinker, with his genuine ability and honesty, does not in practice destroy Christianity. What he does destroy is the Freethinker who went before." 

G. K. Chesterton: 'The Ball and the Cross.'

Escólios

Humilhar aqueles que imploram o perdão de Deus é tão "rebelde" como tratar injuriosamente a quem pede que lhe poupem a vida. É um atentado contra a misericórdia e, por sinal, uma declaração de ódio à Humanidade, naquilo que tem de humano e divino.

Viagem

O beijo da quilha
na boca da água
me vai trocando entre céu e mar,
o azul de outro azul,
enquanto
na funda transparência
sinto a vertigem
da minha própria origem
e nem sequer já sei
que olhos são os meus
e em que água
se naufraga minha alma

Se chorasse, agora,
o mar inteiro
me entraria pelos olhos


Mia Couto

terça-feira, 19 de junho de 2012

14/VI/012

Aí estava ela, com sua pose de artista
Nada mais nada menos que a cabeça poisada na mão direita de punho fechado, ensimesmada num braço esquerdo de base, suportando este uma mão inerte segurando (qual sinistra) o seu leitor de músicas preferidas, um tanto ou quanto belas demais para nomear mas que qualquer melómano adorará, quanto menos um melodramático como só o narrador deste quadro de sublime beleza o pode ser
Nunca se tinha visto tal alma sonolenta, tal tez de quem muito fez e que agora tem como lema a mudez

O autor destas palavras passou a ter um vício saramaguiano
Mas o que mais importa é que ele estava acompanhado
E o seu Amigo é de confiança, tamanha fiança se pode depositar na sua Razão Apostólica Romana que tudo isto vislumbrou e pode corroborar

Ao lado dela, uma janela para o terraço de uma letra
essa letra que de tão firme
tão íngreme me faz desfalecer
L
mas fiquem a saber
que a cor branca de sua face
reluzente pelo finar do pôr-do-sol
me lembrou outra letra
C

e, por instante, ao mundo apeteceu captar tal nudez de espírito
e ombrear com essa figura feminina, na tranquilidade de um ser que quer ter
uma vida de grandeza
menina aplicada
menina desprendada

domingo, 17 de junho de 2012

Questões de Gramática

Depois de ler Manoel de Barros

à varanda

O ser humano é o ser mais incompleto de todos.
Por ter a capacidade de pensar, não consegue criar esse mesmo pensamento sem o ter que comparar com elementos da Natureza.
O mesmo ser que tem necessidades de comparar os seus feitos aos dos Deuses mitológicos.
O mesmo que precisa de uma profecia de fé para que os seus actos tenham alguma razão (que paradoxo tão bonito: fé para ter razão) de ser.

Precisamos de estar sempre acima do chão, precisamos sempre de preencher a necessidade de passar sobre o chão sem que ele dê conta. Por que saltamos, por que olhamos o céu, por que voamos?
Precisamos de construir em altura para que mais pessoas estejam "em cima" do mesmo solo, do mesmo pedaço de terra, em vez de alargar no horizonte o sonho sem procurar alcançar o Sol.
Era preciso, tinha de ser - dirão alguns.
Mas hoje, será preciso, será que tem de ser assim - perguntará uma consciência desperta para o poesia como algo aparentado a um "inutensílio".
Uma veleidade assim - a adoração e palpabilidade dos elementos da Natureza da nossa vida, pela verve de Manoel de Barros - deve ser agradecido com uma Fiore di Lino

Canção popular italiana | Fiore de Lino | Joaquim dos Santos

 

 

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Sobre a Missa em Dó

Beethoven: "O Kyrie contém uma profunda submissão, um autêntico sentimento religioso; sem ser triste, reina no todo uma grande doçura. Há, portanto, muita alegria em tudo isto. O Católico vai ao domingo à Igreja, alegremente ataviado. O Kyrie é uma introdução a toda a Missa e uma certa expressão demasiado forte deixaria poucas possibilidades para os passos em que tal for necessário."

Manuel Faria: "Ora, cremos bem que estas palavras além de exprimirem uma convicção profunda e clara, são até lição perfeitamente válida ainda para os católicos de hoje em dia"

Schindler (amigo de Beethoven): "No dia 20 de Abril de 1823 estávamos à mesa, ali pelo meio dia. O intendente da condessa Schefgotsch veio com a partitura de um novo texto para a primeira Missa (aquela em Dó, Op.86). Beethoven abriu o manuscrito e começou a ler rapidamente. Quando chegou ao Qui tollis do Gloria, as lágrimas começaram a banhar-lhe as faces. Ao Credo começou a chorar fortemente e teve de interromper a leitura. Dizia: «sim, sim - foi o que senti, quando escrevi»."

Romain Rolland: "Que dizia a paráfrase alemã do Qui tollis? Isto:
- Ele aguenta com terno amor, com fiel graça paterna, cheio de piedade, o próprio pecador...
Ele é o apoio dos fracos, o auxílio dos oprimidos, a esperança dos cansados de viver. Nenhum lamento chega até Ele em vão. Nenhuma lágrima cai no vácuo..."

Manuel Faria
Beethoven Compositor Católico
Separata da revista Cenáculo
Braga -1977

domingo, 10 de junho de 2012

A Verdade da Poesia

 O Artista
para o claudio

Da saleta na luz esmaecida
O perfil se lhe esbate, eterizado.
Toca... e o seu gesto é, como o som, alado...
E a música é mais funda e mais diluída...

Em tarantela mágica no ambiente
Erram, presos a um único destino,
Os silfos e os acordes do violino...
Fremem anceios, misteriosamente...

Toca... Do seu olhar a ígnea chama
Constroe, alenta e, prodiga, derrama
Magas vidas que bailam em redor.

E escutando-o, nessa hora de beleza,
Meu coração mordido de incerteza,
Reencontra com a paz um novo ardor.



António Carneiro
Solilóquios
Sonetos Póstumos

terça-feira, 5 de junho de 2012

Obrigado eu



Aos quadris da vida preciosa
a pulsação descarrilou
a comoção povoou
aos céus voltou

Por oração
com simpatia

Dedico a quem da amizade
uma amiga minha para sempre
tinha afeição e amor

Que a obra de Deus
Madre
seja homenageada
Mãe.

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"(...) as leis não têm força contra os hábitos da nação; (...) só dos anos pode esperar-se o verdadeiro remédio, não se perdendo um instante em vigiar pela educação pública; porque, para mudar os costumes e os hábitos de uma nação, é necessário formar em certo modo uma nova geração, e inspirar-lhe novos princípios." - José Acúrsio das Neves