para o claudio
Da saleta na luz esmaecida
O perfil se lhe esbate, eterizado.
Toca... e o seu gesto é, como o som, alado...
E a música é mais funda e mais diluída...
Em tarantela mágica no ambiente
Erram, presos a um único destino,
Os silfos e os acordes do violino...
Fremem anceios, misteriosamente...
Toca... Do seu olhar a ígnea chama
Constroe, alenta e, prodiga, derrama
Magas vidas que bailam em redor.
E escutando-o, nessa hora de beleza,
Meu coração mordido de incerteza,
Reencontra com a paz um novo ardor.
António Carneiro
Solilóquios
Sonetos Póstumos