Vasco Campilho e Gabriel Silva são aquilo que se chama, na minha terra, de conservadores de meia tigela.
Um acha errado o parlamento maioritário votar a proibição de uma peça de vestuário, enquanto que outro considera que o que se defendeu foi a cultura ocidental.
Dois pequenos apontamentos:
1- Uma decisão maioritária não tem valor cultural. É uma decisão democrática, uma imposição da maioria para pôr uma minoria no seu lugar. Um dito conservador considerar, sequer pensar, que uma decisão maioritária expressa não somente a vontade da maioria mas também o Bem Comum e a decisão cristã (porque para um conservador este é o pilar da cultura ocidental) é exactamente o mesmo que desrespeitar as decisões do colégio cardinalício porque são feitas por um órgão aristocrático para a eleição de uma monarquia electiva.
2- O relativismo cultural não é um elemento da cultura ocidental (não, claro está, para um conservador). A burqa é um símbolo poderoso de um islamismo recente, fanático e anti-ocidental (especialmente anti-cristão).
A sharia dos fanáticos islamitas também. Bater na mulher é um dado cultural e social tão garantido nessas comunidades como a pressão social exercida perante elas para que escondam a sua identidade atrás de uma autêntica cortina.
E agora, como ficamos?
A questão não está no vestuário nem no que se abdica. Os padres católicos também usam, por uma lei própria que não é a civil, um traje que os identifica da restante multidão, e abdicam de várias actividades que hoje em dia são consideradas "regulares e aconselháveis".
A diferença está, porventura, na colisão entre os valores da nossa cultura e os dessa comunidade.
Mas, de resto, quais são os valores da nossa cultura?
É a democracia? Quem proíbe burqas legaliza abortos, casamentos homossexuais e o aumento do Estado Social.
Se este critério da maioria é apelativo aos conservadores, então estamos feitos ao bife.
DELITO há dez anos
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