sexta-feira, 16 de julho de 2010

Vasco Campilho e Gabriel Silva são aquilo que se chama, na minha terra, de conservadores de meia tigela.
Um acha errado o parlamento maioritário votar a proibição de uma peça de vestuário, enquanto que outro considera que o que se defendeu foi a cultura ocidental.

Dois pequenos apontamentos:

1- Uma decisão maioritária não tem valor cultural. É uma decisão democrática, uma imposição da maioria para pôr uma minoria no seu lugar. Um dito conservador considerar, sequer pensar, que uma decisão maioritária expressa não somente a vontade da maioria mas também o Bem Comum e a decisão cristã (porque para um conservador este é o pilar da cultura ocidental) é exactamente o mesmo que desrespeitar as decisões do colégio cardinalício porque são feitas por um órgão aristocrático para a eleição de uma monarquia electiva.

2- O relativismo cultural não é um elemento da cultura ocidental (não, claro está, para um conservador). A burqa é um símbolo poderoso de um islamismo recente, fanático e anti-ocidental (especialmente anti-cristão).
A sharia dos fanáticos islamitas também. Bater na mulher é um dado cultural e social tão garantido nessas comunidades como a pressão social exercida perante elas para que escondam a sua identidade atrás de uma autêntica cortina.
E agora, como ficamos?
A questão não está no vestuário nem no que se abdica. Os padres católicos também usam, por uma lei própria que não é a civil, um traje que os identifica da restante multidão, e abdicam de várias actividades que hoje em dia são consideradas "regulares e aconselháveis".
A diferença está, porventura, na colisão entre os valores da nossa cultura e os dessa comunidade.

Mas, de resto, quais são os valores da nossa cultura?
É a democracia? Quem proíbe burqas legaliza abortos, casamentos homossexuais e o aumento do Estado Social.
Se este critério da maioria é apelativo aos conservadores, então estamos feitos ao bife.

A minha Lista de blogues

Seguidores

Arquivo do blogue

Acerca de mim

A minha foto
"(...) as leis não têm força contra os hábitos da nação; (...) só dos anos pode esperar-se o verdadeiro remédio, não se perdendo um instante em vigiar pela educação pública; porque, para mudar os costumes e os hábitos de uma nação, é necessário formar em certo modo uma nova geração, e inspirar-lhe novos princípios." - José Acúrsio das Neves