segunda-feira, 26 de julho de 2010

Reason and Beauty

Quando, no século XIX, os cientistas económicos, políticos, sociais, jurídicos e históricos começaram a comprovar a impossibilidade da sociedade colectivista e do socialismo, e a falência do Ideal do Homem Novo e do progressismo radical, alguns intelectuais mais desleixados julgaram ver o fim do utopismo socialista.
Marx reuniu as forças do socialismo e dedicou-lhes toda uma obra de puro fundamentalismo.
Ensinando às massas o puro desprezo pela ordem social burguesa e tradicional, que se regiam por valores anacrónicos e ultrapassados (a Razão), a qual nunca compreenderá a ordem socialista que o percurso da História, inexoravelmente, criará, Marx proporcionou ao socialismo a arma principal com que destruir o fundamento da Razão: a Soberba.

A vontade do Povo e o rumo incessante da História levarão a Humanidade, independentemente das conjecturas científicas da sociedade burguesa, ao Comunismo.
E assim se transformou a Soberba em Força.

Este caminho inegável para o socialismo tornou-se dogma em Portugal. A ideia de que a legislação laboral e o Estado Social têm de estar fortemente regulados na constituição, sob pena de serem pervertidos, pode até ser negada pela história de tantos Estados que, mantendo os serviços públicos, se vêm livres de os alterar o necessário conforme as necessidades das épocas sem arriscarem violar o cânone sagrado da Lei Fundamental, que é equilibrada e não-programática.
Este forçoso caminho em direcção à Utopia, cujos defensores acérrimos mostram as garras ao menor discordar do poderoso dogma, mais poderoso de todos alguma vez existente à face do País, será o motivo da queda e do atraso desta sociedade, que se apressa a adorar os divinos mestres da constituição e do Sistema arbitrário e abusador a que nos temos habituado a viver, já insensíveis à indignidade a que nos submetem.

Há dias referia-se uma futura predominante jurista, já com a escola toda da nossa trupe ideológica revolucionária, sobre a imparcialidade da Constituição e dos seus órgãos e instituições políticas e judiciais, apesar de justificar a recusa que o Tribunal Constitucional votou à proposta do CDS-PP de revogar o RSI entre os 18 e 21 anos. O mítico não-retrocesso social estará sempre na manga do socialismo constitucional para impedir os cortes que querem prevenir este país de cair no hedonismo estatista que toda a classe académica jurídica, sociológica, antropológica, histórica e política parecem defender.

Ao lado do Mito de que o agente do Estado é um ser sobre-humano não-ganancioso e moralmente mais fiável que o agente privado (a patranha que o socialismo ainda não conseguiu impingir à sociedade) está o recém-reforçado Estatuto do Estado do prazer fácil, simples, individualista. Do Estado-Servil, da promessa de benesses e do céu na terra.
O Estado do divórcio na hora, do casamento homossexual, dos electrodomésticos espalhados à mãe de semear, da comida fiscalizada e mastigada pela ASAE, do fim da percepção do Bem e do Mal - o completo relativismo cultural.
Apenas o valor igualitarista e nivelador da democracia se mantém como princípio do Legislador e do Doutrinar. A Vontade geral, o respeito pelo capricho da Multidão e dos seus líderes, a rápida satisfação do desejo dos demagogos.

Com o fim do Bem e do Mal, o veneno irrespirável desta Constituição e desta classe política matou também a Beleza. Criou antes uma classe subsidiada de fantasistas arregimentados.
Caminhámos alegremente, não para a sociedade socialista, mas para um patético fim do mundo, liderados por governantes com os talentos de suboficiais.
Não nos basta a democracia para sermos uma nação de povos livres.
O crescimento e a maturidade só vêm com valores tradicionais cimentados e valorizados, e protegidos da interferência dos heróis de revolução, dos anti-fássistas.
Em 3 décadas de sociedade democrática, conseguimos apenas aumentar impostos, a clientela política, destruir as nossas instituições naturais, investir em obras públicas e em gastos em todo o tipo de sectores, criar um tipo anestesiador de prosperidade material através do recurso ao crédito e do Ouro Europeu.

Por via da democracia e graças a ela não cresceu nem um pouco este país, podendo até se provar que o pouquíssimo crescimento económico que se deu nestas terras, deveu-se ao pouco que ainda não foi afectado pela classe política e pelas suas vitórias pirrescas.

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"(...) as leis não têm força contra os hábitos da nação; (...) só dos anos pode esperar-se o verdadeiro remédio, não se perdendo um instante em vigiar pela educação pública; porque, para mudar os costumes e os hábitos de uma nação, é necessário formar em certo modo uma nova geração, e inspirar-lhe novos princípios." - José Acúrsio das Neves