Escapando às declarações pouco amistosas de alguns dos típicos Velhos do Restelo, bem instalados pelo regimezinho, heis alguns pontos que me levam a repudiar a manifestação de dia 12 de Março:
1- A mesma manifestação persegue um objectivo aparentemente inócuo: pretende unir todas as forças políticas num acto de crítica colectiva.
2- Esse objectivo falha pela simples razão de que as forças políticas reunidas à volta desse protesto são de natureza individualista, partidária ou meramente sectária: pretendem ver na sua causa a principal solução dos problemas.
3- Daí advém todo o falhanço do objectivo principal da manifestação.
A ideia de que a presença de várias opiniões exaltadas num espaço apertado ou num local designado é sinónimo de discussão produtiva de opiniões continua a ser o apanágio do revolucionariozinho da esquerda. Discussão alguma é produtiva em clima de paródia e excitação. Isto é verdade para parlamentos democráticos e para greves ou manifestações. Quem parte para estes tipo de coisas parte já com uma agenda bem planeada a defender, pronta para aproveitar o calor da situação, pronta para a demagogia das massas - e é sempre a "esquerda fracturante" quem melhor se move por este lamaçal de espíritos incomodados.
O mesmo se passou nesta grandiosa romaria que atravessou o país inteiro. As soluções ficaram-se pelos urros de entusiasta - na sua maior parte, espalhou-se a mensagem de que seria o Governo a tratar de empregar os jovens em necessidades. No final de contas, a profecia de Salazar mantém-se: uma vez entregues ao socialismo, os portugueses encostar-se-ão ao Estado.
As mesmas forças que gritam pelo igualitarismo económico e pela destruição de tudo o que conhecemos com nome português em nome dos amanhãs que cantam usam agora os jovens para protestar contra os abusos de uma nação de gerações que, desde a década de 70, pensa exactamente da mesma maneira, com as mesmas aspirações de vida recostada e recursos ilimitados.
Este país é uma proveta de experiências socialistas desde 1974. Não é pelo mesmo caminho que isto vai melhorar - e é exactamente isso que os jovens portugueses têm de compreender.