Não considero o 11 de Setembro um ataque ao Mundo Ocidental.
Foi, sem dúvida, um ataque a algo de muito mau e perverso no Mundo Ocidental. No coração da capital mundial do activismo das causas fracturantes e do capitalismo neo liberal ( hoje em dia, sempre lado a lado, mesmo com as máscaras que lhe tentam pôr) deu-se o massacre que justificou aquilo que este mundo pós-moderno precisa para manter os valores de uma burguesia decadente e uma sociedade de consumo que não conhece, do ponto de vista filosófico ou ideológico, opositores à altura - as políticas neocon de disseminação da democracia e da criação de novos mercados de escoamento e zonas de pilhagem de matérias primas.
O 11 de Setembro é importante para essa sinagoga demoníaca que governa o mundo ocidental porque a) providenciou à Esquerda liberal e burguesa um discurso renovado de política externa e deu-lhe o monopólio político e institucional sobre a problemática do multiculturalismo, tudo isto depois de uma década em que se temia que a Esquerda Ocidental ia desaparecer no mundo da prosperidade pós-Muro de Berlim; b) permitiu à Direita conservadora e burguesa ter à disposição as infra-estruturas, os capitais, as circunstâncias e as desculpas perfeitas para lançar um programa de políticas neoliberais.
É claro que era uma tendência já marcada por outros eventos, mas o mundo de hoje, onde a oposição anti-sistema é um garante da metalinguagem do poder vigente, onde todos estes gatinhos zangados acabam por beber da mesma taça, directa ou indirectamente, foi construído pelos eventos causados pelo 11 de Setembro.