"Ora, a história de Cristo é simplesmente um mito verdadeiro: um mito que exerce em nós o mesmo efeito que os outros mas com esta tremenda diferença: aconteceu realmente. E, da mesma forma, deveremos dar-nos felizes por aceitá-lo, recordando que se trata de um mito de Deus enquanto os outros são mitos dos homens; ou seja, Deus recorre às histórias pagãs para se expressar através das mentes dos poetas, utilizando as imagens que lá encontra; enquanto o Cristianismo é a forma de Deus se expressar através daquilo a que chamamos «coisas reais». Assim, é "verdade", não no sentido de se tratar de uma «descrição» de Deus (pois nenhuma mente finita poderia alcançá-la) mas no sentido de se tratar da forma como Deus escolhe (ou pode) ser percebido pelas nossas faculdades. É claro que as «doutrinas» que extraímos do verdadeiro mito são "menos verdadeiras": são traduções daquilo que Deus já expressou numa linguagem mais adequada, nomeadamente a verdadeira encarnação, crucificação e ressurreição, de modo que estas possam ser compreendidas pelos nossos conceitos e ideias."
da carta de CS Lewis a Arthur Greeves