domingo, 20 de abril de 2014

Cânticos da Europa

capa do álbum Chants d'Europe VI, do Choeur Montjoie Saint-Denis

sábado, 5 de abril de 2014

Vou na aragem da largada

Vou na aragem da largada
pobre e louco e triste e só
Na distância trespassada
Vela ao vento do que sou

E assim a distância voada
no meu ouvido ampla ainda
É janela quadriculada
Onde o infinito já finda.

Rodrigo Emílio, Paralelo 26S Às Audições do Índico

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Soneto de Intimidade

Nas tardes de fazenda há muito azul demais.
Eu saio às vezes, sigo pelo pasto, agora
Mastigando um capim, o peito nu de fora
No pijama irreal de há três anos atrás.

Desço o rio no vau dos pequenos canais
Para ir beber na fonte a água fria e sonora
E se encontro no mato o rubro de uma amora
Vou cuspindo-lhe o sangue em torno dos currais.

Fico ali respirando o cheiro bom do estrume
Entre as vacas e os bois que me olham sem ciúme
E quando por acaso uma mijada ferve

Seguida de um olhar não sem malícia e verve
Nós todos, animais, sem comoção nenhuma
Mijamos em comum numa festa de espuma.

Vinicius de Moraes

Ventos da História

A única regra infalível da História é a de que não existem "Ventos da História", ou seja, não existem mudanças inevitáveis ou um progresso idílico. Existem civilizações que cedem e desaparecem e outras que resistem e prosperam. A nossa, cede.